Lançado este mês, o livro A Escolha, Como um Presidente Conseguiu Superar Grave Crise e Apresentar Uma Agenda Para o Brasil, mostra que uma articulação entre o ex-presidente Michel Temer e o alto escalão das Forças Armadas teria influenciado o impeachment de Dilma Roussef em 2016.
O livro reúne conforme o Congresso em Foco, conversas entre o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o filósofo Denis Lerrer Rosenfield sobre os bastidores da política antes do impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Na obra, Temer conta que manteve contato com militares, como o general Eduardo Villas Boas, e o chefe do Estado Maior da Força, general Sérgio Etchegoyen, entre 2015 e 2016. Em entrevista ao Estadão, Rosenfield revela o desgaste da relação das Forças Armadas com o PT em razão da Comissão Nacional da Verdade.
De acordo com reportagem assinada por Marcelo Godoy, os militares tinham receio de que Dilma tentasse mudar a Lei da Anistia e de outros temas que constavam do Programa Nacional de Direitos Humanos-3, de 2009. Havia também o temor de que o PT mudasse a forma de acesso de oficiais ao generalato e a formação dos militares nas academias. Assim, o objetivo era se aproximar de Temer, então vice de Dilma, para saber, segundo Rosenfield, com quais cenários deviam trabalhar.
“Não foi uma vez. Foram vários encontros”, diz o filósofo e autor do livro. O relato feito por Temer quer afastar os encontros com os militares do campo da conspiração política. Após o impeachment de Dilma, Villas Boas foi mantido no cargo e Etchegoyen foi nomeado ministro do novo Gabinete de Segurança Institucional (GSI).