Mesmo com a pandemia do coronavírus, o índice de eleitores que dizem que irão votar com certeza nas eleições municipais em novembro varia de 69% a 87% nas capitais, mostra o Ibope publicado pelo G1.
Boa Vista tem o maior percentual de eleitores que garantem comparecer à votação em novembro. Já Salvador apresenta o menor índice. Os dados têm como base as primeiras pesquisas Ibope divulgadas nas 25 capitais do país – apenas em São Luís (MA) ainda não foi feito um levantamento após o registro oficial das candidaturas.
Neste ano, o calendário das eleições foi adiado por causa da pandemia do coronavírus. O primeiro turno acontece em 15 de novembro; e o segundo, em 29 de novembro, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O tribunal anunciou uma série de medidas de segurança para evitar a contaminação durante a votação.
Pela primeira vez, será possível justificar o voto pelo celular, usando o aplicativo e-Título. O eleitor tem até 14 de janeiro, para ausência no 1º turno, e 28 de janeiro, no 2º turno.
Ausências à vista
Menos de 10% dos eleitores dizem que não vão votar de jeito nenhum em novembro. O maior percentual é do Rio de Janeiro e de Curitiba, onde 8% dizem que não irão às urnas.
Já em Boa Vista e Vitória, apenas 2% dizem que não comparecerão.
Faltando pouco menos de um mês para o primeiro turno – marcado para 15 de novembro –, o número de eleitores que se dizem em dúvida varia bastante entre as capitais. De 9%, em Boa Vista, a 24%, em Salvador.
Voto quase facultativo
Os altos números de eleitores que dizem que irão comparecer surpreendem Marcia Ribeiro Dias, coordenadora do bacharelado em Ciência Política da Unirio. Especialista em representação e participação política, a pesquisadora afirma que essa eleição pode se aproximar de um “simulacro de voto facultativo” por conta da facilidade para justificar a ausência.
“São percentuais altos de eleitores que dizem que vão comparecer”, afirma. “É possível que muitos ainda não estejam informados sobre a facilidade maior para justificar a ausência eletronicamente neste ano.”
“Se a pessoa tiver a facilidade de poder justificar eletronicamente o seu não comparecimento, certamente esse número (de abstenções) vai aumentar. E aí isso vai contaminar um pouco o resultado das eleições, assim como o voto facultativo. Se você pode não comparecer e você não acredita naquilo, se nenhum daqueles candidatos te representa, a sua tendência é não participar. Isso vai reduzir a participação política, sem sombra de dúvida.”
Ela afirma, no entanto, que a possibilidade de justificar a ausência pela internet é necessária. “É uma medida necessária diante de uma situação de pandemia. Não se pode culpar a Justiça eleitoral por tomar essa decisão”, diz Marcia Ribeiro Dias.
“Agora a gente vai ver com mais clareza o quanto que há de descrédito na política por parte do cidadão brasileiro.”