O Senado decide nesta terça-feira (5) a data para a sabatina que irá analisar a indicação do desembargador Kássio Nunes para a vaga do ministro Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal e, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters, a data proposta é dia 21 deste mês, uma semana depois de efetivada a aposentadoria do ministro.
De acordo com uma das fontes, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), está sondando os líderes na Casa para fechar um acordo para o dia 21. Um dos patrocinadores da indicação de Nunes, Alcolumbre trabalha com o Palácio do Planalto para aprovar o mais rapidamente possível o nome do desembargador.
Nunes precisa ser aprovado após sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e depois em votação no plenário da Casa. Fontes ouvidas pela Reuters não prevêem dificuldades para a aprovação do primeiro indicado ao Supremo pelo presidente Jair Bolsonaro. [nL1N2GT0QQ]
Normalmente, as sabatinas são feitas em duas sessões, uma para leitura do relatório e outra para votação. No entanto, por causa da pandemia de coronavírus, o Senado tem adotado um rito simplificado e feito tudo em apenas uma sessão.
A pressa em fazer a sabatina vem por conta dos ataques que a indicação do desembargador vem sofrendo por parte, principalmente, de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Depois de dizer que indicaria um nome “terrivelmente evangélico”, o presidente optou por um nome neutro, com apoio do Senado e do centrão.
Nunes foi apresentado a Bolsonaro por Alcolumbre e apoiado pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), hoje um dos principais aliados do presidente. O apadrinhamento do centrão e o fato de Nunes ter participado de decisões contrárias ao gosto dos apoiadores mais radicais do presidente serviram de combustível às críticas na Internet.
Nas últimas semanas, Bolsonaro foi a público mais de uma vez defender o desembargador contra cada uma das críticas e também tentar justificar sua decisão, mas não acalmou os mais radicais.
Na segunda-feira à noite, durante um culto evangélico em São Paulo, tentou mais uma cartada: prometeu não apenas novamente um ministro “terrivelmente evangélico” para a próxima vaga que se abrirá no STF, em julho de 2021, como um pastor. Nesse perfil se encaixa, por exemplo, o ministro da Justiça, André Mendonça.