Desde 2015, quando o cenário político brasileiro ficou turbulento e a economia nacional mergulhou em uma profunda crise, os executivos e empresários brasileiros passaram a se expressar sem medo de desagradar clientes ou acionistas. “Eu passei a minha vida inteira fugindo da política, nem querendo chegar perto. Hoje, eu acho isso errado”, disse o empresário Jorge Paulo Lemann, em um evento da Fundação Estudar, que é mantida por ele, em 2016. “A minha esperança é que os princípios da Fundação, a meritocracia, o pragmatismo, o escolher gente boa, sejam adotados pelo País, pelo governo. Espero que um futuro presidente brasileiro venha da Fundação.”
O fundador do 3G Capital, que é sócio do Burger King, da AB InBev e da Kraft Heinz, deu o exemplo e arrastou outros CEOs. Desde então, diversas iniciativas de mobilização começaram a aparecer. A mais recente é capitaneada por Rubens Menin, fundador da MRV Engenharia.
O movimento “Você muda o Brasil” foi apresentado em um grande evento em São Paulo. Apesar de o incentivo ao voto consciente ter sido tema do primeiro encontro, o objetivo é discutir o desenvolvimento da sociedade civil. O que antes era feito a portas fechadas, desde a semana passada passou a ser público.
Todos se comprometeram a devolver para a sociedade o compromisso de trabalhar até o último dia de mandato, dar satisfação permanente e transparente ao eleitor, abrir mão e combater os privilégios do cargo e trabalhar por uma transformação política de larga escala que priorize o interesse público. “Houve um despertar da sociedade, que entendeu que o nível de omissão era grande, o que trazia um custo para a trajetória do País”, diz Mufarej. “Esse é um processo. A transição de um sistema não vai acontecer apenas em um ciclo eleitoral. Mas a expectativa e os resultados serão favoráveis, pois estaremos melhor representados em 2019 do que em 2015.”
Por Márcio Kroehn, Moacir Drska