O presidente Jair Bolsonaro deve dar explicações à Polícia Federal nos próximos dias sobre as acusações de interferência na própria organização feitas pelo então ministro Sergio Moro (Justiça), no fim de abril deste ano.
Ao deixar o cargo, Moro acusou Bolsonaro de querer trocar o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, para proteger seus familiares e aliados de investigações. Uma delas seria o “inquérito das fake news” no Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga ataques a ministros da Corte e atingiu mais de dez bolsonaristas.
Em paralelo, há uma disputa sobre o formato do depoimento do presidente à PF nos próximos dias, se ele será feito pessoalmente ou por escrito.
O relator do caso, o ministro Celso de Mello, determinou que fosse presencial, mas a Advocacia-Geral da União recorreu. Como Celso de Mello está de licença médica, o recurso pode cair com o ministro Marco Aurélio de Mello. Marco Aurélio já afirmou que, se isso acontecer, ele levará a decisão ao plenário da Corte, o que deve alongar o processo.
Historicamente, a regra sempre foi o depoimento presencial dos investigados, inclusive de presidentes da República. Mas em 2017, o ministro Edson Fachin abriu uma exceção para Michel Temer.
Já no caso de Bolsonaro, Celso de Mello entendeu que era importante dar aos advogados de Moro o direito de questionar o presidente — o ex-juiz da Lava Jato também é investigado no inquérito.