O Jornal Nacional, da TV Globo, recebeu ontem (29) o candidato Jair Bolsonaro (PSL) para a série de entrevistas que a emissora carioca realiza com alguns dos 13 presidenciáveis.
Quando questionado sobre o papel do Estado na desigualdade salarial entre homens e mulheres, Bolsonaro reforçou que a CLT já possui medidas para evitar isso e manteve sua opinião sobre o livre arbítrio da iniciativa privada.
“Questão de salário é questão de competência. Na CLT já se garante isso, salário compatível”, começou por responder Bolsonaro, interrompido por Renata.
“Nós sabemos que na prática existe incompatibilidade salarial entre homens e mulheres e o IBGE mostra que as mulheres ganham 25% a menos. Eu gostaria só de saber se o senhor eleito presidente da República, que políticas o senhor deve fazer para evitar essa desigualdade?”, perguntou a jornalista.
“Mas eu não tenho gerência no Ministério do Trabalho. Isso está na CLT. É só as mulheres denunciarem e o MT do Trabalho vai lá tratar do assunto”, disse o candidato.
“Mas você sabe que o Estado tem mecanismos para estimular a iniciativa privada para que não cometa esse tipo de desigualdade. O senhor como presidente da República não vai fazer nada para evitar?”, indagou Vasconcellos.
Ao responder, e já aos gritos, Bolsonaro insinuou que Renata Vasconcellos recebe menos que William Bonner..
“É lógico que eu faria, mas o Ministério Público pode ser questionado. Eu estou vendo aqui uma senhora e um senhor (aponta para Renata e Bonner), eu não sei o certo, mas com toda certeza há uma diferença salarial aqui. Parece que é muito maior para ele (aponta para Bonner) do que para senhora. São cargos semelhantes, são iguais”, disse o presidenciável, antes de levar uma lição de Vasconcellos.
Além de apresentadora, Renata é editora-executiva do telejornal; Bonner, editor-chefe, posição hierárquica superior à dela.
“Candidato, eu vou interromper. Eu poderia até como cidadã ou como qualquer cidadão brasileiro fazer questionamentos sobre os seus proventos porque o senhor é um funcionário público, deputado há 27 anos, e eu como contribuinte ajudo a pagar seu salário. O meu salário não diz respeito a ninguém. E posso garantir ao senhor, como mulher, que eu jamais aceitaria receber um salário menor de um homem que exerce as mesmas funções e atribuições que eu, afirmou Renata Vasconcellos.
Bolsonaro foi o segundo entrevistado do Jornal Nacional. Ciro Gomes (PDT) foi o primeiro entrevistado, na segunda-feira (28). Amanhã, quarta-feira (29), é a vez de Geraldo Alckmin, do PSDB, ser entrevistado pelo Jornal Nacional. Por fim, na quinta (30), Marina Silva, da Rede, concederá entrevista.