A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou, nesta segunda-feira (27), 26 pessoas por organização criminosa em esquema de negociações ilícitas de registros sindicais junto ao Ministério do Trabalho e Emprego.
Como apurado pelo ‘O Globo’, entre os indiciados estão o ex-ministro do Trabalho Helton Yomura; o presidente do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson; e os deputados Cristiane Brasil (PTB-RJ), Jovair Arantes (PTB-GO), Nelson Marquezelli (PTB-SP), Paulinho da Força (SD-SP) e Wilson Filho (PTB-PB).
Derivada da Operação Registro Espúrio, a denúncia foi enviada para o Supremo Tribunal Federal (STF) e tem o ministro Edson Fachin como relator. A PGR também solicitou que novos inquéritos para investigar crimes de corrupção, tráfico de influência e lavagem de dinheiro relacionados ao esquema fossem abertos.
A investigação teve origem na delação premiada do ex-coordenador de Registro Sindical Renato Araújo Júnior. Ele afirmou à polícia que atendia aos interesses de Cristiane Brasil e Roberto Jefferson dentro da pasta. Também foram utilizadas informações obtidas por meio de medidas cautelares, como quebras de sigilo e buscas e apreensões.
O ex-secretário-executivo do Ministério Trabalho, Leonardo Arantes, e o ex-diretor de Ordenamento de Estrutura Fundiária do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rogério Arantes, também estão entre os indiciados. Ambos são sobrinhos de Jovair Arantes e estão presos preventivamente desde maio deste ano.
Na semana passada, quando a Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito da operação, a defesa de Cristiane Brasil afirmou que a acusação está sendo feita “a esmo” e que a instituição “tornou-se uma franca atiradora contra reputações”. Segundo os advogados, a deputada “provará sua inocência mais uma vez, como já o fez em outras ocasiões, com a consciência tranquila de que nada fez de errado”.
Ao ser afastado do Ministério do Trabalho, em julho, Helton Yomura afirmou que nunca praticou “qualquer ilicitude ou irregularidades nos cargos que ocupei no Ministério do Trabalho”.
Quando foi relacionado à operação, em maio, Paulinho da Força afirmou que a citação ao nome dele “não possui nenhum fundamento senão criminalizar o movimento sindical como um todo”. O deputado disse que confia “plenamente no trabalho da justiça para o completo esclarecimento dos fatos”.
Já Roberto Jefferson disse, em nota divulgada pelo PTB, que “jamais participou de quaisquer negociações espúrias no Ministério do Trabalho”. Jovair Arantes se posicionou “em consonância” com a nota.