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quinta-feira 27 de agosto de 2020 às 07:26h

Base de Rui Costa deve lançar até quatro candidatos a prefeito

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A base do governador Rui Costa (PT) poderá contar segundo reportagem do jornal A Tarde, agora com quatro candidaturas para enfrentar o pré-candidato à sucessão do prefeito ACM Neto (DEM) no Palácio Tomé de Souza, o vice-prefeito Bruno Reis (DEM), na eleição de 2020.

O número vai além do planejado pelo governador e defendido pelo senador e articulador do partido, Jaques Wagner (PT), mas é o reflexo da necessidade das siglas de eleger vereadores e o resultado de um racha ocorrido entre o Partido dos Trabalhadores e o Partido Social Brasileiro (PSB) em Pernambuco.

Maior partido da base do governo na Bahia, o Partido Progressista (PP) deve ser o aliado do PCdoB em uma chapa formada por dois deputados estaduais: Olívia Santana (PCdoB) e o nome escolhido pelo PP, o mais cotado após desistência de Niltinho tem sido o presidente municipal, Joca Soares.

Informações de bastidores dão conta de que o governador tentou fazer o PCdoB recuar, mas Olívia, magoada por ter sido preterida em relação a um eventual apoio do PT – que optou por apostar em uma candidatura própria, a da major da Polícia Militar, Denice Santiago – e decidida a seguir na disputa, não abriu mão de estar no pleito.

“Temos três candidaturas postas na base do governador. Uma, de Olívia, primeira candidatura a se firmar na base, uma deputada testada em Salvador, com uma forte representatividade, com uma aliança sólida com partido do vice-governador, João Leão (PP). A do deputado Sargento Isidório, o deputado federal mais votado em Salvador, o que o credencia. A terceira é a candidatura da Major Denice, do PT. Temos Lídice, deputada que já foi prefeita, senadora, com todo um respaldo político na cidade e o deputado Bacelar, que também conta com uma votação e presença política muito forte na cidade.

São cinco pré-candidatos e que deve afunilar para três ou para quatro candidaturas”, avalia o secretário estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) e presidente do PCdoB na Bahia, Davidson Magalhães.

Davidson afirma que das candidaturas na disputa, a de menor envergadura e passível de uma eventual flexão é a da Major Denice Santiago, neófita na política, mas pondera que será “muito difícil o PT desistir da candidatura”.

Ainda segundo o jornal, outra aliança no horizonte da base governista é a do Partido Social Democrático com o Avante, alocando a presidente do PSD Mulher, Eleuza Coronel como vice-prefeita da chapa encabeçada pelo deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante).

A aliança teria a digital do governador Rui Costa, que acredita na capilaridade de Isidório e nos resultados das pesquisas, nas quais o deputado costuma figurar em primeiro. Rui sabe que, para isso, o deputado do Avante vai precisar de uma musculatura política e um de uma maior tempo de exposição na mídia para apresentar suas propostas e provocar do debate.

“Eu não posso ser o candidato a ficar com o botijão de gás, gritando e dançando, este ano eu espero ter tempo de TV para apresentar uma proposta inclusiva para Salvador”, explicou Isidório.

O senador e presidente do PSD na Bahia, Otto Alencar, nega que exista um acordo entre o PSD e o Avante, e ressalta que um eventual pacto dependerá exclusivamente de uma eventual desistência de Eleusa a encabeçar uma chapa.

“O PSD tem sua candidatura, que é a da Eleuza Coronel. Até agora essa pré-candidatura não foi retirada. Ela foi lançada pelo grupo de mulheres do partido, do qual Eleuza é presidente. Agora, caso ela e Angelo Coronel desistam, aí pensaremos em uma alternativa, mas hoje a candidatura está mantida e vamos com ela até o fim”, avalia Otto.

Otto pontua que Isidório é seu amigo, e que possui um “trabalho social muito bom, relevante para recuperação de usuários de dependentes químicos”. O presidente do PSD Bahia lamenta o preconceito sofrido pelo deputado federal do Avante por parte de vários partidos da base de apoio do governador Rui Costa:. “Por ser uma pessoa do povo, algumas pessoas que são mais oriunda da aristocracia fazem uma avaliação equivocada sobre ele, e eu rebato, não tenho esse preconceito”.

O PT segue com sua candidata e uma fonte anônima, ligada à legenda, revelou que a pré-candidatura da Major Denice deve ganhar o apoio do Podemos, em uma articulação que colocará o deputado federal Bacelar como vice-prefeito na chapa da PM, aumentando o tempo de exposição na mídia e ampliando a base eleitoral de Santiago. O pacto seria chancelado pelo senador Jaques Wagner, que se esforça para ampliar a visibilidade da candidata do partido do governador da Bahia.

A maior incógnita na base de apoio do governador Rui Costa fica por conta do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que possui a deputada federal e presidente estadual da legenda, Lídice da Mata, como a pré-candidata à prefeitura de Salvador.

O racha entre os partidos em Pernambuco, provocado pela manutenção da candidatura do deputado federal João Campos (PSB-PE) por parte do PSB, e da deputada federal Marília Arraes(PT-PE) pelo PT, à prefeitura do Recife, intensificou o processo de atrito entre as siglas e que deve ter uma repercussão nas eleições nacionais deste ano.

“Estamos tendo dificuldade para se organizar por causa da pandemia, fazer uma discussão em um momento onde tudo é remoto. Nossa candidatura está se organizando, todo mundo quer eleger seus vereadores e estamos trabalhando para isso”, sinaliza a deputada Lídice da Mata.

Pulverização na base

O cientista político e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Cláudio André, explica que existe uma preocupação dos partidos políticos em demarcar espaço com candidaturas majoritárias, com o objetivo de obter “ganhos eleitorais” através da “eleição de vereadores”, principalmente por causa do fim da possibilidade das coligações nas eleições proporcionais, fruto da minirreforma eleitoral de 2015 e que entra em vigor para eleições municipais esse ano.

“A outra tese que sobrevoa o Palácio de Ondina é a da pulverização como caminho para “forçar” um segundo turno. No entanto, com a exceção de Isidório, todas as outras candidaturas ainda não possuem uma concretude de que conseguirão reter o crescimento de Bruno Reis, como candidato governista”, avalia André.

O cientista político da Unilab acredita que “o aprofundamento de pesquisas eleitorais nas próximas semanas” deixarão o cenário mais claro. Ele pontua que até agora, além da pré-candidatura de Isidório, “as outras pré-candidaturas ainda não conseguiram comprovar que de fato serão eficientes para tirar votos do pré-candidato Bruno Reis (DEM)”.

A manutenção de uma pulverização de candidaturas na base do governador Rui Costa poderá minar a tese de renovação proposta pela candidatura do PT, é o que indica o analista político e professor universitário: “Com essa tática de ter quatro candidaturas, fica comprovado que a tese da “renovação” – que motivou o lançamento de Denice – cederá espaço para nomes com carreira política sólida e enraizada em Salvador”.

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