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Brasil recebeu US$ 75 bilhões em investimentos externos em 2019. Ilustração: Depositphotos
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domingo 23 de agosto de 2020 às 14:37h

Só 5 Estados vão ter força para sair da crise até 2021

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A pandemia pegou os Estados brasileiros num movimento de lenta recuperação, especialmente por causa da grave crise fiscal enfrentada pela maioria, com despesas de pessoal elevadas e arrecadação fiscal ainda baixa

Apenas cinco Estados brasileiros devem encerrar o ano de 2021 com Produto Interno Bruto (PIB) acima do nível pré-pandemia (2019). São eles: Mato Grosso do Sul, Pará, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Goiás – puxados, sobretudo, por commodities agrícolas e minerais. O restante precisará de um impulso maior para recuperar os estragos provocados pela covid-19 na sua economia, segundo levantamento feito pela Tendências Consultoria Integrada.

A pandemia pegou os Estados brasileiros num movimento de lenta recuperação, especialmente, conforme reportagem do Estado de SP, por causa da grave crise fiscal enfrentada pela maioria, com despesas de pessoal elevadas e arrecadação fiscal ainda baixa. No começo deste ano, a expectativa era de que, apesar do crescimento previsto para 2020, apenas metade deles retomaria o nível pré-crise de 2013 e 2014.

A situação, que já era ruim, ficou pior com a pandemia. A recuperação deve continuar em ritmo lento, já que 2020 está praticamente perdido. “A atividade econômica do ano que vem dependerá de uma série de condicionantes, como a própria evolução da pandemia e o reflexo de questões políticas na agenda econômica, com destaque para a questão fiscal”, diz o economista da Tendências Lucas Assis.

Nesse cenário, os poucos que vão se sobressair têm motivos de sobra para comemorar. Mato Grosso do Sul deve ser o Estado mais resiliente no biênio 2020-2021 e deverá exceder em 2,7% o PIB de 2019. O desempenho será reflexo do avanço da produção agropecuária e da produção industrial. “Com localização privilegiada, próxima de São Paulo, a indústria de celulose do Estado deve ser favorecida pela expectativa de ampliação da demanda asiática por papel tissue, pela tendência estrutural de substituição do plástico por produtos de papel e pelo câmbio brasileiro desvalorizado”, explica Assis.

Segundo ele, Mato Grosso e Goiás também serão beneficiados pela estrutura produtiva da região, pouco sensível à dinâmica nacional. O que deve puxar para baixo o resultado do Centro-Oeste é o desempenho do Distrito Federal, muito dependente dos serviços públicos. De acordo com o relatório, a capital federal (e adjacências) pode ser prejudicada pelo fato de a população local ser, notadamente, formada por migrantes de todas as regiões brasileiras. Com a transformação digital do trabalho, promovida pela pandemia, muitos puderam retornar aos seus Estados de origem.

No Pará, outro Estado que deve superar o PIB de 2019, o desempenho será influenciado sobretudo pela normalização da produção de alumínio e pela expansão da produção de minério de ferro no Sistema Norte da Vale, composto pelas minas de Carajás e S11D. O quinto Estado a recuperar as perdas deste ano será o Rio de Janeiro, com o avanço esperado da produção de petróleo e gás natural. A atividade será impulsionada pelo crescimento das operação das plataformas inauguradas na Bacia de Campos, em 2019, e pela previsão de entrada em operação da nova unidade P-70.

Auxílio

Segundo Assis, apesar da perspectiva de expansão da atividade econômica no ano que vem, o País continuará 4,2% abaixo do PIB registrado em 2019. Neste ano, a previsão da consultoria é de uma queda de 7,3% e, em 2021, um avanço de 3,4%. Mas esses números podem ter alguma alteração dependendo da prorrogação do auxílio emergencial e do valor a ser pago, diz ele.

Esse efeito poderá aliviar um pouco a situação crítica do Nordeste, por exemplo, cujo PIB continuará 5% abaixo do verificado em 2019. O economista do Itaú Unibanco Luka Barbosa diz que tem sido claro que os locais com maior repasse tem tido consumo maior. E isso está ocorrendo no Nordeste.

Para Assis, no entanto, as condições do mercado de trabalho nordestino são bastante frágeis, com elevada informalidade, alta proporção de domicílios em extrema pobreza e grande participação de empresas de pequeno porte. “Além disso, a região é extremamente dependente das transferências federais, que podem diminuir com a arrecadação menor”, afirmou o economista.

No Sudeste, apesar do bom desempenho do Rio de Janeiro, os demais Estados terão dificuldade para retomar o nível de 2019. Com alta participação de setores sensíveis à dinâmica econômica, São Paulo deve ser afetado pelos choques negativos na demanda e oferta em segmentos como o de veículos automotores.

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