Com uma relação conturbada no campo da esquerda ao longo da última década, incluindo ataques mútuos, PT e PSOL caminham de maneira inédita para se apoiar já no primeiro turno das eleições municipais em pelo menos seis capitais. Há também composição em algumas cidades do interior.
Na primeira disputa municipal após a ascensão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ao mesmo tempo em que fortalecem alianças com o PSOL, petistas se distanciam do PC do B, aliado tradicional nos últimos 40 anos.
O partido fez, conforme lembrou a coluna Poder da Folha de SP, sobre a oposição a Lula e à sua sucessora, Dilma Rousseff. Em 2016, no entanto, posicionou-se contra o processo de impeachment da ex-presidente e engrossou o coro do PT para denunciar o que classificam de golpe.
Dois anos depois, com a filiação de Guilherme Boulos, que tem bastante proximidade com Lula, para a disputa pela Presidência, houve um distensionamento maior entre os dois partidos.
Em Salvador, os dois partidos devem ficar em palanques diferentes pela primeira vez desde 1988.
O PCdoB aposta na candidatura da deputada estadual Olívia Santana, e o PT lançou o nome da Major Denice Santiago, policial militar que ganhou destaque à frente da ronda Maria da Penha.
Vice-líder do PC do B na Câmara, o deputado federal baiano Daniel Almeida afirma ser natural que a legenda busque um caminho próprio e tenha um maior número de candidaturas majoritárias da eleição deste ano.
“A política brasileira vive um momento de renovação. Quem não se ajustar às mudanças, vai ficar anacrônico”, afirma.
Também pesa para o partido o fim das coligações proporcionais e a necessidade de construir uma base mais robusta nos municípios para superar a cláusula de barreira na eleição de 2022.
Há dois anos, o partido só atingiu o patamar que garante acesso ao fundo partidário e tempo de TV após uma fusão com o antigo PPL.