Em delação ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro na última quarta-feira (12), o doleiro Dario Messer teria dito que, durante a década de 90, entregava “em várias ocasiões” quantias entre US$ 50 mil e US$ 300 mil a integrantes da família Marinho, revelou hoje o site da revista Veja. Durante a edição de hoje do Jornal Nacional, a Globo negou as acusações.
Segundo o depoimento de Messer publicado pela revista Veja, essas entregas aconteciam duas ou três vezes ao mês, na sede da Rede Globo, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, e eram feitas por um funcionário de sua equipe. O dinheiro seria destinado a Irineu Roberto Marinho e José Roberto Marinho. O doleiro, no entanto, teria dito que nunca se encontrou com integrantes da família Marinho e não teria apresentado provas dos fatos.
“A respeito de notícias divulgadas sobre a delação de Dario Messer, esclarecemos que Roberto Irineu Marinho e João Roberto Marinho não têm e nunca tiveram contas não declaradas às autoridades brasileiras no exterior. Da mesma forma, nunca realizaram operações não declaradas às autoridades brasileiras”, diz a nota da família Marinho, lida ao vivo pelo apresentador William Bonner.
Segundo a reportagem de Veja, Messer contou ter começado a fazer negócios com os Marinho por intermédio de Celso Barizon, supostamente gerente da conta da família no banco Safra de Nova York.
“Doleiro dos doleiros”
O nome de Messer ganhou notoriedade com a descoberta de esquemas criminosos liderados por Sérgio Cabral (MDB-RJ), preso pela Lava Jato desde 2016 e condenado a mais de 280 anos de prisão.
Procuradores da Lava Jato dizem acreditar que as informações e provas oferecidas por Dario Messer, conhecido como o “Doleiro dos Doleiros”, em sua delação tenham potencial para identificar autoridades envolvidas em atos de corrupção.
Messer revelou ao MPF-RJ (Ministério Público Federal do Rio de Janeiro) informações sobre uma rede de doleiros. Isso porque, segundo o procurador Almir Teubl Sanches, da força-tarefa da Lava Jato no Rio, o círculo de relacionamentos desses operadores costuma envolver prioritariamente outros doleiros. Segundo o procurador, as investigações desdobradas a partir disso podem levar a nomes com foro privilegiado.
“Vamos pegar o caso do [ex-governador do Rio] Sérgio Cabral como exemplo. Ele não ligava para o Messer e dizia: ‘Preciso mandar dinheiro para o exterior’. Ele tinha pessoas de confiança [os irmãos Marcelo e Renato Chebar] que eram acionadas e passaram a usar o sistema do Dario Messer. Talvez, Messer nem soubesse que aquele dinheiro era do Cabral. Investigaremos para quem essas pessoas [delatadas por Messer] atuavam. Por isso é difícil mensurar o alcance dessa colaboração”, afirma o procurador.
Em depoimento, ele afirmou ter emprestado US$ 13 milhões ao ex-presidente paraguaio Horácio Cartes e admitiu ter sido o principal beneficiário da mesa de câmbio paralelo operada no Uruguai pelos também doleiros Claudio Barboza, o Tony, e Vinicius Claret, o Juca Bala — ambos também colaboradores da Lava Jato.