O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta segunda-feira (10), em entrevista à CNN, que a missão humanitária do Brasil no Líbano pode buscar, além do transporte de remédios e alimentos, a pacificação política do país.
Mais cedo, em meio a protestos e seis dias depois da explosão no porto de Beirute, o premiê Hassan Diab renunciou ao cargo.
“Nós vamos também tentar fazer com que o Brasil entre em um processo, modestamente, digamos assim, de uma certa mediação para resolver as questões internas no Líbano”, disse Temer, durante entrevista às âncoras da CNN Daniela Lima e Carol Nogueira. “O Brasil tem condições para isso e pode colaborar para uma pacificação interna no Líbano.”
Filho de libanês, o ex-presidente foi escolhido por Jair Bolsonaro (sem partido) para chefiar a atuação humanitária do Brasil no país. Temer destacou que, além da atual crise derivada da explosão no Porto de Beirute, o Líbano já enfrentava crises econômicas e políticas crescentes nos últimos anos.
Em reunião com empresários e associações comerciais, Michel Temer arrecadou doações para enviar ao país. Segundo ele, já estão previstos um avião KC-390, da FAB, de seis a sete toneladas de remédios e alimentos, e um navio, com 4.000 toneladas de arroz.
O ex-presidente disse que outras doações estão sendo arrecadadas e que há a possibilidade de ser alugado pela iniciativa privada um segundo avião.
Ele afirmou ainda que foi informado de carência de vidro e madeira para as obras de reconstrução de edifícios. “A questão humanitária que estamos fazendo é uma coisa fundamental, porque são mais de 300 mil desabrigados”, disse Temer, afirmando que pretende trabalhar em conjunto com outros países dando suporte ao governo.
Investigado pela Operação Lava Jato, o ex-presidente precisa de autorização da Justiça para viajar ao Líbano. Apesar de ter feito o pedido, Temer diz que a viagem pode não acontecer caso se verifique risco físico à delegação brasileira. As doações, no entanto, ainda seriam enviadas.
Bolsonaro
Segundo Michel Temer, o convite para a chefia da missão foi feito no sábado (8) pelo almirante Flávio Viana Rocha, secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência. Dias antes, diz o ex-presidente, Bolsonaro havia ligado para avisar que enviaria ajuda ao Líbano.
O emedebista elogiou a “visão internacionalista” de Bolsonaro e disse considerar natural que o Brasil se espelhe nos Estados Unidos, onde é praxe que ex-presidentes sejam designados para missões diplomáticas consideradas importantes.
Ele ainda minimizou a saída do MDB do bloco conhecido como Centrão, mais próximo ao presidente, e disse que ele e Bolsonaro reconhecem, com frequência, os méritos um do governo do outro.