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segunda-feira 3 de agosto de 2020 às 07:08h

Eleição em Salvador deve ser inédita para esquerda e para atual prefeito

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A eleição que encerrará o ciclo de oito anos do prefeito ACM Neto (DEM) na Prefeitura de Salvador deve ser marcada por uma inédita fragmentação entre os partidos de esquerda.

Segundo a Folha de SP, enquanto discute apoios mútuos e frentes amplas em algumas das principais capitais do país, a esquerda caminha para ter até cinco candidaturas em Salvador, maior número desde a redemocratização.

A pulverização vai na contramão do grupo adversário: ACM Neto lançou ainda em janeiro a pré-candidatura do vice-prefeito Bruno Reis (DEM) para a prefeitura e construiu uma aliança com 13 partidos.

Os aliados do governador Rui Costa (PT), por sua vez, dividem-se entre pelo menos seis pré-candidaturas, três de partidos de esquerda, três de aliados mais ao centro, ainda sem sinalização de uma possível união no primeiro turno.

Ao contrário de 2016, quando abriu mão de um nome próprio para apoiar o PC do B, o PT lançou Major Denice Santiago, policial militar que ficou conhecida por comandar a Ronda Maria da Penha.

Sem a possibilidade de alianças na eleição proporcional, os aliados tradicionais também lançaram pré-candidaturas à prefeitura. E vieram com nomes fortes: o PC do B anunciou Olívia Santana, deputada estadual que foi a mais votada em Salvador no campo da esquerda em 2018.

O PSB lançou a deputada federal e ex-prefeita Lídice da Mata, que também foi o nome mais votado da esquerda na capital em 2018, mas na disputa para a Câmara dos Deputados.

Completam o leque das candidaturas de esquerda dois nomes que não são aliados e têm posição crítica ao governador: o deputado estadual Hilton Coelho (PSOL) e a militante do movimento de moradia popular Eslane Paixão (UP).

O governador Rui Costa trabalha com o cenário de mais de uma candidatura da sua base aliada para a prefeitura. Mas o nível de fragmentação que se desenha é maior do que o desejado.

A ideia do petista é conseguir afunilar para duas candidaturas aliadas, uma mais à esquerda e outra de centro-direita, com o objetivo de avançar em uma maior fatia do eleitorado e tentar forçar um segundo turno com Bruno Reis.

Mesmo sendo o maior partido da base, o PT ainda não conseguiu firmar nenhuma aliança em torno de Major Denice. Há conversas em curso com PSB, PSD, PDT e Podemos e a preferência por outra mulher no posto de vice.

O nome da policial militar foi definido em meio a um processo de escolha interna conturbado, com críticas ao fato de ela não ter um histórico de militância no PT.

Denice, contudo, afirma que o partido vai para a eleição unificado e defenderá uma mudança de prioridades na gestão da Prefeitura de Salvador. “É preciso atacar as desigualdades sociais e potencializar os investimentos nas áreas mais pobres da cidade”, diz a petista.

O PT nunca elegeu um prefeito de Salvador, a despeito dos candidatos petistas terem registrado mais votos na cidade em todas as eleições presidenciais na cidade desde 1989.

Dentre os partidos da esquerda, o PCdoB foi o único a firmar alianças até o momento, em um movimento que leva a chapa em direção ao centro político. Olívia Santana terá o PP, partido do vice-governador João Leão, que deve indicar o candidato a vice na chapa. O nome provável é o do presidente do PP de Salvador, Joca Soares. Ex-campeão mundial de Kickboxing, Joca é considerado um nome forte nas comunidades da capital baiana.

Entre os aliados de Rui Costa, ainda há outros três pré-candidatos: os deputados federais Bacelar (Podemos) e Pastor Sargento Isidório (Avante), além de Eleusa Coronel (PSD), mulher do senador Angelo Coronel (PSD).

Concentrado no enfrentamento à pandemia da Covid-19, o governador tem se envolvido pouco nas discussões sobre eleições e formação de alianças. Ele tem sido alvo de críticas públicas de aliados pela falta de articulação.

No campo oposto, a candidatura de Bruno Reis (DEM) prepara uma base com pelo menos 900 candidatos a vereador e tenta atrair pelo menos dois partidos aliados do governador: o PL e o PDT.

Este último chegou a assinar a filiação do secretário de Saúde de Salvador, Leo Prates, no início do ano. Ele era cotado para vice na chapa de Reis, mas optou por permanecer no cargo por causa da pandemia.

Ex-assessor e amigo de ACM Neto, Bruno Reis foi deputado estadual de 2011 a 2016, quando assumiu o posto de vice-prefeito. Na prefeitura, exerceu os cargos de secretário de Promoção Social e secretário de Infraestrutura.

Ele foi escolhido para o posto de vice em 2016 em meio a discussões sobre uma possível candidatura de ACM Neto ao governo da Bahia em 2018, que acabou não ocorrendo. Em 2020, consolidou-se como nome natural ao posto.

Na eleição deste ano, ele deve apresentar um discurso de continuidade da gestão atual, mas com marcas próprias ligadas à inovação na gestão pública e retomada da economia da cidade no pós-pandemia.

No campo político, deve enfrentar um discurso da oposição que tentará ligar o seu nome ao do presidente Jair Bolsonaro, a quem apoiou no segundo turno da eleição de 2018.

“Não acho que há espaço para isso, na eleição municipal. O debate é local, as pessoas querem saber quem está mais preparado para resolver os problemas do dia a dia da cidade”, avalia Reis.

Na eleição, ele também irá enfrentar uma tradição de Salvador de não eleger os candidatos aliados aos prefeitos, mesmo os bem avaliados. A última vez que prefeito de Salvador emplacou seu sucessor foi em 1988, quando Mário Kertész (PMDB) ajudou a eleger o aliado Fernando José (PMDB).

A eleição de Reis é vista como crucial para o próximo passo do projeto político de ACM Neto, que é disputar o governo da Bahia em 2022 e tentar colocar fim a um ciclo de 16 anos de governo do PT na Bahia.

Sem um nome novo para sucessão de Rui Costa, o PT planeja disputar o governo do estado com o senador Jaques Wagner, que já foi governador de 2007 a 2014.

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