O ex-presidente Lula (PT) criticou a postura de Jair Bolsonaro e de seus apoiadores a respeito do uso da cloroquina no tratamento da covid-19. Diversos estudos mostram que o medicamento não tem eficácia contra o coronavírus.
“Isso é um convite à morte, porque não é possível um cara que mal e porcamente foi tenente do exército, que foi expulso, queira dar lições de remédio à ciência do mundo inteiro”, disse Lula em evento do diretório nacional do PT, nesta última sexta-feira (24).
Coordenada pelo ex-ministro da Saúde Arthur Chioro, a reunião tinha como objetivo tratar sobre as falhas do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia.
“A gente não pode permitir que charlatões comecem a diagnosticar doenças e dar remédios para que as pessoas sejam curadas. É preciso que haja uma coisa mais forte da área médica, está naturalizado na opinião pública as ‘bobajeiras’ que o Bolsonaro fala”, acrescentou o ex-presidente.
De acordo com o petista, é necessário uma participação do partido e da comunidade médica para convencer a sociedade a abandonar a ideia do uso da cloroquina.
“É preciso que a gente, com a comunidade médica se mobilizando, convença sociedade que não é prudente tomar esse remédio, é melhor aceitar e acatar recomendações médicas”, disse.
Lula também comentou que o presidente norte-americano Donald Trump “foi obrigado a se desfazer das cloroquinas que ele não queria” e enviá-las ao Brasil.
A ex-presidente Dilma Roussef (PT) também participou da reunião e fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro. Segundo ela, o presidente tomou atitudes deliberadas na gestão do novo coronavírus.
“Acho que o grande problema do Bolsonaro é que o ele optou, de forma deliberada, pela alternativa de infecção do rebanho. Ou seja, ele quer que muitas pessoas no Brasil estejam infectadas e aí ele acredita que nós poderemos minimizar os efeitos da pandemia. Não interessa quantos morram, porque é apenas uma ‘gripezinha’ e por aí”, disse ela.
Outro ponto abordado pela petista foi o índice de testagem no Brasil, que ela considera pequeno. Na avaliação de Dilma, é importante “denunciar” o baixo volume de testes realizados no país.
“Não é possível, é inviável, ter qualquer política e qualquer gestão sobre a pandemia se nós não conseguirmos fazer testes suficientes que permitam dizer quando fechar e quando flexibilizar”, afirmou.
Foram registrados no Brasil 2.287.475 casos e 84.082 mortes confirmadas pelo novo coronavírus, segundo os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde.