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sexta-feira 26 de junho de 2020 às 15:17h

Prefeito de Itaberaba explica lockdown e fala sobre importância do isolamento

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A partir desta sexta-feira (26) a cidade de Itaberaba está com os acessos bloqueados.

A ação, informada pelo prefeito da cidade, Ricardo Mascarenhas (PSB), tem como objetivo conforme o G1, é o de reduzir os casos de Covid-19 no município de 2,3 mil km² e com cerca de 80 mil habitantes.

“Temos três entradas na cidade e as três estão bloqueadas. Ninguém de fora da Chapada pode visitar a cidade de Itaberaba. Nós suspendemos os carros de linha da Chapada, que fazem o transporte de uma cidade para outra. Até o dia 2 de julho, nenhum carro que não é da Chapada Diamantina vai poder entrar aqui na nossa cidade”, disse o prefeito.

Nesta sexta, começa a valer o decreto que determina lockdown. A medida ocorreu após o aumento no número de casos da cidade que, até a quinta-feira (25), havia registrado 12 óbitos, com 236 casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Do total de casos, 135 estão ativos e 89 curados, informou o prefeito da cidade.

Conforme registro no boletim da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), publicado na noite de quinta feira, Itaberaba tinha 187 casos confirmados da doença. É comum a diferença entre dados do município e estado, já que as cidades registram o caso primeiro para repassar ao estado. Além disso, o coeficiente de incidência por 100.000 habitantes na cidade é de 289,97, aponta a Sesab.

Conforme registrado nos boletins da pasta da saúde estadual, Itaberaba fechou o mês de abril com um caso. Um mês depois, no dia 30 de maio, a cidade já havia registrado 20 casos e, 16 dias depois, conforme boletim do dia 15 de junho, a cidade teve um aumento de 54 casos, totalizando, 74 pacientes de Covid-19 no município. Agora, o número de pessoas infectadas passa de 200.

Além das ações da prefeitura, o médico Leonardo Rodrigues, um dos integrantes da equipe de saúde que atua na cidade, conta como tem sido o trabalho no município, as unidades implementadas no local, além da preocupação dos profissionais de saúde com as pessoas que ainda seguem sem acreditar na gravidade da doença.

“O que me chama mais atenção é o comportamento das pessoas. Elas têm resistência no uso das máscaras, fazem aglomerações e, no São João, não foram seguidas orientações de saúde. As pessoas fizeram festas nas suas casas. Elas não estavam na rua, mas estavam em suas casas aglomeradas”, conta o médico ortopedista que é diretor médico do Hospital Geral de Itaberaba, diretor médico da UPA Ana Catarina e coordenador da ortopedia do hospital de Itaberaba.

O médico conta que, nos meses de abril e maio, o número de casos da Covid-19 era considerado baixo na cidade, mas em junho, foi observado o crescimento.

“Nas últimas duas semanas aconteceu essa proporção, aumentou o número de casos de forma assustadora. Foi uma coisa que ligou o sinal vermelho pra gente. Então montamos estratégia para todos os profissionais”, conta o médico.

Diante desse aumento foram necessárias as ações como toque de recolher, das 18h às 4h, e “Lockdown”.

“Vimos a curva crescente do número de casos aqui na cidade de Itaberaba. Essa é uma medida mais dura e a cidade está fechada até o dia 2 de julho. A gente viu a necessidade dessa medida e do toque de recolher, a partir das 18h, porque o isolamento social e a quarentena não estavam contendo”, relatou Ricardo Mascarenhas.

A suspensão das atividades não se aplica aos serviços essenciais como farmácias, hipermercados, supermercados, mercados, feiras livres, açougues, peixarias, hortifrutigranjeiros, quitandas e centros de abastecimento de alimentos; lojas de venda de alimentação para animais; distribuidores de gás; lojas de venda de água mineral; padarias; postos de combustível; e funerárias.

“Desde o início, quando começou a pandemia, o prefeito montou uma equipe técnica para orientá-lo, como iria fazer. A gente ficou um tempo com quantidade baixa de caso, mas agora o número de casos subiu. Acredito que aumentou o movimento na cidade, dos moradores, pessoas da zona rural, e a coisa cresceu”, opinou o médico.

Ações da saúde

Apesar de não trabalhar diretamente na linha de frente do enfrentamento ao novo coronavírus, Leonardo detalha sobre a situação na cidade por ser diretor médico de unidades importantes no município e pela rotina nos locais de atendimento.

“A gente fez um um protocolo de entrada dos pacientes que vão ser operados, testamos os pacientes, para não ter uma contaminação dentro do hospital. A partir de segunda-feira [29], os profissionais vão ser divididos em equipes. O uso do EPI já é obrigatório. Vamos restringir o horário de visita e reduzir os acompanhantes. Já estamos dividindo as enfermarias em pacientes jovens e idosos, que fazem parte do grupo de risco”, revela.

Atualmente, Itaberaba tem 30 leitos ativos, com equipamentos de ventilação para os pacientes. Desse total, 20 são clínicos e 10 são de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

De acordo com a secretaria de Saúde da cidade, outros 10 leitos de UTI devem ser ativados no prazo de 7 a 15 dias, porque a cidade está esperando o envio de equipamentos de ventilação, para viabilizar os leitos. Esse envio será feito pela Sesab.

Itaberaba conta com uma UPA exclusiva para Covid-19. Uma unidade de saúde na antiga maternidade Ana Catarina foi implantada para focar no atendimento geral ao público e há também o Hospital Geral de Itaberaba. Além disso, o prefeito da cidade informou que o governo do estado instalou 10 leitos de Unidade de Tratamento Intensiva (UTI). A cidade também conta com um UTI móvel. Não há superlotação nas unidades da cidade.

“Mesmo com a UPA especializada em Covid-19, as pessoas não querem ir lá, ainda estão vindo muito para o hospital. O apelo que a gente faz é que se ela está com suspeita da doença vá direto para a UPA”, ressalta o médico.
Além de lidar com a preocupação com a população, os médicos seguem atentos à doença. Em Itaberaba, dois médicos já foram infectados. Um já está curado, o outro segue internado em Salvador, com estado de saúde estável. Todas as pessoas que atuaram com esses dois médicos passaram por exames os testes resultaram negativos.

“Foi tudo muito rápido. O colega saiu daqui de ambulância, com dificuldade para respirar, uma pessoa na faixa etária de 40 anos. O outro colega foi infectado após um procedimento em um senhor que depois foi descoberta a Covid-19. O médico descobriu após a equipe passar por testes, mas não teve sintomas, foi afastado, cumpriu o isolamento e já está bem. Ele voltou a trabalhar”, relembra o médico.

Leonardo também relata os cuidados que têm para evitar contaminação. “Dentro do hospital a gente usa uma roupa privativa do hospital, de manga longa. E, na hora de sair, a gente deixa a roupa que usamos no plantão, no hospital. A gente já não atende mais os pacientes de jaleco”, explica.

“No hotel, quando eu saio de Itaberaba, eles higienizam meu quarto, fazem a descontaminação. A roupa que uso para ir e vir do hospital, coloco em uma sacola fechada para depois ser lavada”, conta o médico.

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