A intervenção da Concessionária Salvador Norte (CSN), responsável por ônibus de 127 linhas do transporte público de Salvador, pela prefeitura, evitou conforme o G1, a possibilidade de greve da categoria, que tem salários atrasados desde março.
De acordo com Daniel Mota, presidente do Sindicato dos Rodoviários da Bahia, a intervenção foi necessária para que os trabalhadores tivessem seus direitos garantidos.
“Os motoristas já vêm, desde o mês de março, com salários atrasados e, certamente, iam ter que paralisar o serviço. Portanto, essa intervenção, para nós, perpassa pelo compromisso em honrar os salários dos trabalhadores e os direitos inexoráveis”, disse o presidente do sindicato.
Além do atraso do salário, a categoria estava sem recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e sem receber o tíquete alimentação.
O prefeito ACM Neto (DEM) disse, em coletiva pela internet, nesta segunda-feira (22), que a intervenção foi uma medida extrema, para evitar a paralisação dos rodoviários.
“A CSN já vinha com problemas há algum tempo. Bom lembrar que, no ano passado, não conseguiram fazer a compra dos ônibus novos, que garantiria a renovação da frota, obrigação deles. Ajustamos o TAC [termo de ajuste de conduta] com o MP [Ministério Público]. A gente veio fazendo o possível para evitar a intervenção, que é a medida mais extremada. Semana passada, o secretário Fábio Mota me disse que era provável que, no domingo, os rodoviários da CSN parassem. Eles não iriam sair com ônibus, pois a empresa não havia pago. Fiquei em pânico. A gente não pode permitir agora uma paralisação do sistema de transporte. Não tive outro jeito”, explicou o prefeito.
Mais de 4.500 rodoviários trabalham na CSN. Ainda segundo ACM Neto, a intenção da prefeitura, com a intervenção, não é manter a empresa de ônibus como propriedade da gestão, mas preservar os postos de trabalho e o funcionamento do serviço.
“Reuni o pessoal que faz a regulação, a procuradoria, decidimos pela intervenção. Autorizei o chefe de gabinete a abrir uma edição extra do Diário Oficial. Na prática, o interventor nomeado é Almir Melo, que já foi secretário dessa área, é presidente da Arsal (Agência Reguladora e Fiscalizadora dos Serviços Públicos de Salvador), vem acompanhando de perto esse problema do transporte. Claro que a prefeitura não quer ter empresa de ônibus. Só fizemos isso, porque [a categoria] ia parar. Estamos conversando com as outras duas empresas, fundamental ter o apoio operacional das outras duas bacias. Quero garantir aqui que vamos preservar os quatro mil empregos. Fica a minha palavra que vamos preservar os empregos”, disse ACM Neto.
O secretário municipal de Mobilidade, Fabio Mota, explicou ainda que, na prática, a intervenção não irá mudar nada para a população. No entanto, até que a frota com os novos veículos da CSN seja implantada, ônibus de outras empresas complementarão as linhas.
“Para a população, nós não vamos mudar nada. Os ônibus vão continuar nas mesmas linhas, vão continuar nos mesmos itinerários. Evidentemente que a gente pode ter ônibus de outras cores nas áreas da CSN, porque, neste primeiro momento, a gente tem problema com alguns veículos que estão em falta de manutenção. Então, podemos botar ônibus verdes e amarelos nas linhas das azuis, mas a ação da prefeitura foi para manter o serviço e, evidentemente, a questão dos postos de trabalho”, explicou Fabio Mota.
Procurada, a Integra, responsável pelo consórcio das empresas de ônibus em Salvador, disse que não iria se pronunciar sobre o caso. A empresa Salvador Norte também chegou a ser procurada, mas não houve retorno.