O vice-Procurador-Geral da República, Humberto Jacques, está acusando quatro deputados do PSL de usarem recursos de suas cotas parlamentares para divulgar os atos antidemocráticos do dia 3 de maio.
Segundo publicou a coluna de Lauro Jardim no jornal O Globo, são eles: Bia Kicis (DF), General Girão (RN), Guiga Peixoto (SP) e Aline Sleutjes (PR).
O caso está contado na petição pela qual Jacques requereu a quebra de sigilos bancários, fiscal e telemático de congressistas aliados de Jair Bolsonaro.
Essas e outras diligências, autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, resultaram na operação da PF deflagrada anteontem.
De acordo com Jacques, três dos quatro investigados contrataram a empresa Inclutech Tecnologia em abril, sob a rubrica divulgação de atividades, para “promover o respectivo apoiamento aos atos antidemocráticos”.
A empresa em questão pertence a Sérgio Lima, responsável pelo marketing do Aliança pelo Brasil, conforme revelou o “Estadão” nesta quinta.
Ainda segundo o documento da PGR, Kicis desembolsou R$ 6,4 mil da cota pela “criação e elaboração de peças em vídeo para publicação na web”. Guiga Peixoto, sustenta o procurador, gastou R$ 6,5 mil e Aline Sleutjes, R$ 10 mil em serviços semelhantes, mas com o mesmo objetivo.
Jacques afirma ainda que General Girão usou R$ 7,4 mil do cotão para contratar a empresa Lima Junior, conforme diz a investigação, também para bater bumbo pelos protestos.
Escreveu Jacques:
— Como se pode verificar, no ecossistema de redes sociais e propagação de idéias de mobilização social e realização de manifestações ostensivas nas ruas, há participação de parlamentares tanto na expressão e formulação de mensagens, quanto na sua propagação e visibilidade, quanto no convívio e financiamento de profissionais na área.
E concluiu:
— Na parte visível de toda essa organização há militantes, há políticos, há organização, há recursos financeiros. Há também direitos. Todavia, potencialmente pode haver abusos e crimes que precisam ser apurados a partir do esclarecimento do modo de funcionamento estruturado e economicamente rentável de uma escalada de organização e agrupamento com pretensões aparentes de execução de ações contra a ordem constitucional e o Estado Democrático e provocação das Forças Armadas ao descumprimento de sua missão constitucional