A presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, propôs nesta última terça-feira (16) adiar as eleições agendadas para 6 de setembro, alegando que haverá um pico de infecções por coronavírus, enquanto a lei que fixou a data aprovada pelo Congresso ainda não foi promulgada.
“Adiar (as eleições) provavelmente um mês ou dois não vai causar dano a ninguém”, disse Áñez em discurso público em Tarija, no sul do país, segundo a agência de notícias oficial ABI.
Áñez recebeu na semana passada a lei aprovada pelas Câmaras de Senadores e Deputados, onde o partido do ex-presidente Evo Morales (2006-2014) tem maioria, mas até agora não a aprovou.
Caso não a promulgue, a Assembleia Legislativa será convocada a fazê-lo, de acordo com a Constituição.
Com esse adiamento, “todos os bolivianos vão ganhar”, afirmou a presidente, embora tenha esclarecido que “respeitará tudo o que for estabelecido pelo Supremo Tribunal Eleitoral, porque também queremos eleições”.
A lei que define a data das eleições gerais para 6 de setembro foi aprovada após um acordo entre o Movimento para o Socialismo (MAS), que controla com grande maioria o Congresso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o candidato centrista Carlos Mesa e outras forças menores.
Em entrevista à emissora Red Uno, o presidente do TSE, Salvador Romero, disse nesta terça-feira que “a promulgação desta lei é muito importante para garantir aos cidadãos e ao país a celebração de um processo eleitoral essencial para a democracia na Bolívia”.
Com sua relutância a aprovar a legislação, Áñez, que também concorre à eleição, “provoca, com toda a intenção, um sério conflito de poderes”, segundo a Comunidad Ciudadana, uma frente política que apoia Mesa.
Áñez enviou à presidente do Senado, Eva Copa, na última sexta-feira uma carta pedindo que “assumisse publicamente a responsabilidade” por ter decidido que as eleições deveriam ser realizadas em 6 de setembro, momento que o governo considera que a pandemia terá atingido o ponto mais alto na Bolívia.
Copa respondeu que a data foi estabelecida pelo TSE “após um acordo entre as sete forças políticas” que disputarão as eleições.
As autoridades da saúde estimam que o maior número de casos será registrado em julho e agosto, e que até o final de julho a pandemia infectaria cerca de 100.000 pessoas e deixaria entre 4.000 a 7.000 mortos.
O último relatório mostra 19.073 casos e 632 mortes no país.