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domingo 14 de junho de 2020 às 10:31h

Novo ministro Fábio Faria entra no governo Jair Bolsonaro como pacificador, diz jornal

POLÍTICA


O novo ministro das Comunicações, deputado Fábio Faria (PSD-RN), entra no governo Jair Bolsonaro com um papel de pacificador da relação do Palácio do Planalto com o Congresso e a missão de melhorar o relacionamento do Executivo com imprensa.

Aos 42 anos, o deputado que está em seu quarto mandato na Câmara é de família tradicional na política potiguar e foi escolhido por seu trânsito nos bastidores do Palácio do Planalto. Faria tem a simpatia do clã Bolsonaro, por suas relações com o setor de mídia e laços familiares. É genro de Silvio Santos, dono do SBT, casado com Patrícia Abravanel, uma das herdeiras e apresentadora do canal. Ela é dona também da TV Alphaville, um canal por assinatura que leva o nome do bairro de luxo onde moram, em Barueri, na Grande São Paulo. Ministro e a mulher também são sócios numa empresa de produção artística ligada à TV aberta, a New Beginnings.

Um tipo de emissário informal do sogro em Brasília, Faria acompanhou o presidente numa visita à casa da família de Silvio Santos, em São Paulo, no ano passado. Antes, Silvio assistiu ao desfile de 7 de Setembro na tribuna de honra com o presidente. Nas redes sociais, gosta de exibir a vida em família com a mulher e os três filhos. Vaidoso e com fama de galã, veste-se com ternos bem cortados, costuma deixar o cabelo mais longo, mas em casa dá lugar aos trajes esportivos. Uma de suas predileções é fazer “lives” com receitas e dicas de culinária.

Faria é conhecido como um imitador entre os políticos. Há vídeos dele imitando os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Uma vez se passou pelo próprio Silvio Santos, por telefone, para pregar uma peça em familiares do dono do SBT. O sogro acompanhava tudo ao lado do, agora, ministro. Nos bastidores, aliados contam que Faria também faz o personagem Bolsonaro.

O elo do novo ministro com o setor vai além da relação com a família Abravanel. O pai dele, Robinson Faria, ex-governador do Rio Grande do Norte e presidente do PSD local, é dono de rádios que operam no interior do Estado e usam a marca Rádio Agreste. A família possui atualmente três outorgas, duas FM e uma AM. O novo ministro foi sócio do negócio, mas saiu formalmente da empresa Rádio Agreste em 2013 – a Receita Federal ainda não registra a baixa.

Sua nomeação ocorre por uma insatisfação com o setor das comunicações. Chegaram ao Planalto reclamações de demora nos processos de outorga de rádios e TVs, muitas controladas nos Estados por políticos. Bolsonaro reconheceu que o governo deixava a desejar.

Faria negou, há algumas semanas, que estivesse articulando para que o PSD voltasse ao comando do ministério. “Foi uma indicação 100% pessoal, nada a ver com o PSD”, disse após o anúncio de Bolsonaro, ainda no Palácio do Planalto.

Antes no PMN, Faria apoiou e aconselhou os governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O líder Diego Andrade (PSD-MG) disse estar “pronto para ajudar nas boas propostas do governo”. O deputado Fábio Trad (PSD-MS) foi mais crítico: “Ao Fábio Faria, meus sinceros votos de que consiga preservar a sanidade mental neste governo e convença o presidente a respeitar a imprensa”.

De atuação discreta no baixo clero da Câmara, faz parte da Mesa Diretora como terceiro-secretário, sendo mais conhecido pelo trânsito nos bastidores, inclusive com o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Atualmente, dedica parte de seu tempo no papel de adversário político da governadora Fátima Bezerra (PT), que derrotou o pai dele na tentativa de reeleição, em 2018. O ex-governador ficou em terceiro lugar. Faria recebeu 70.350 votos na eleição de 2018, ocupando a oitava e última vaga dos eleitos pelo Rio Grande do Norte. Com base eleitoral no interior, se formou há 20 anos no curso de administração de empresas pela Universidade Potiguar.

Por duas vezes, o deputado foi delatado em investigações contra corrupção relacionadas à Operação Lava Jato. Uma por executivos da Odebrecht e outra pelos da JBS. Os inquéritos foram arquivados por falta de provas no Supremo Tribunal Federal.

Parte das investigações seguiu, no entanto, na Justiça Eleitoral com relação ao pai do ministro. Os delatores disseram que o deputado teria recebido R$ 100 mil como caixa dois na campanha de 2010. Nas listas de propina, seu apelido seria “Garanhão” ou ainda “Bonitão”. Pai e filho negam irregularidades.

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