O Comitê de Enfrentamento à Covid-19, formado pelos diversos conselhos, sindicatos, associações municipais, estaduais e federais representantes dos trabalhadores de saúde, cobrou ao secretário municipal de Saúde, Leo Prates, em reunião virtual na tarde de quinta-feira (28), o cumprimento da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) para afastamento dos enfermeiros que integram o grupo de risco para a Covid-19.
Mediadora da reunião e integrante da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Salvador, a vereadora e ouvidora-geral Aladilce Souza (PCdoB) agradeceu ao secretário pelo atendimento a alguns dos pleitos feitos pelas entidades, em reunião no dia 14 de maio, como o afastamento de gestantes e testagem dos profissionais, mas destacou a necessidade de acatar a decisão do STF e de avançar em outras demandas.
Na Unidade de Saúde da Família (USF) de Itacaranha, por exemplo, uma técnica de enfermagem de 69 anos é hipertensa e diabética e continua na linha de frente, atendendo pacientes com suspeita da doença.
“Secretário, considere que o Brasil é o país que mais tem mortes de profissionais de saúde infectados pelo vírus. Por que não direcionar para os cuidados dessas pessoas parte dos R$30 milhões da sobra do empréstimo internacional contraído pelo Município e que, em votação na Câmara esta semana, foi aprovada a destinação do valor para o combate à Covid?”. O questionamento foi feito por Aladilce após Leo Prates justificar a ausência de recursos para contratação de profissionais que possam substituir os trabalhadores considerados como grupo de risco.
A presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren), Maria Inês, destacou que o órgão continua recebendo muitos pedidos de ajuda nas unidades municipais. “Os profissionais estão sem orientação e assustados, pedindo socorro”, afirmou a presidente do órgão. Outra reclamação recorrente, de acordo com ela, é sobre a falta de médicos em Ilha de Maré.
A presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado da Bahia (SEEB), Lúcia Duque, informou ao secretário que os trabalhadores estão reclamando da distribuição de máscara PFF2, própria para trabalhadores da construção por filtrar apenas poeira, sendo ineficaz para a proteção contra vírus.
As entidades também informaram ao secretário sobre o grande número de denúncias dos profissionais que estão atuando no hospital de campanha instalado no Wet’n Wild. “São queixas diversas, inclusive de profissionais que não têm experiência e que não estão recebendo o tratamento adequado”, frisou Lúcia Duque.
Infectados
O Brasil é o país com maior número de profissionais da saúde mortos por causa do coronavírus em todo o mundo. Na Bahia, os infectados pela Covid já passa de 2000. “Até para se prestar um bom serviço à população, os trabalhadores precisam ter segurança e tranquilidade”, ressaltou a ouvidora Aladilce Souza.
O Comitê é formado pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Conselho Regional de Enfermagem (Coren), Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado da Bahia (Sindsaúde), Sindicato dos Enfermeiros (Seeb), Conselho Regional dos Fisioterapeutas e Terapia Ocupacional (Crefito), Conselho Regional de Serviço Social (Crees), Sindicato dos Psicólogos (Sindpsi), Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais (Sindfito), Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sindseps), Associação Brasileira de Enfermagem – Seção Bahia, Sindicato dos Assistentes Sociais da Bahia (Sabs), Conselho Regional de Psicologia da Bahia (CRP-03), Sindicato dos Psicólogos e Psicólogas e Sindicato dos Enfermeiros da Bahia.