O governador Wilson Witzel exonerou, de uma só vez, o secretário da Casa Civil, André Moura, e o secretário de Fazenda, Luiz Claudio Rodrigues de Carvalho. A publicação saiu em edição extra do Diário Oficial na noite desta quinta-feira (28) e não leva o tradicional “a pedido”, quando o servidor deixa o cargo por vontade própria. Tanto André Moura quanto Luiz Claudio foram surpreendidos com as publicações no Diário Oficial.
— Com relação ao André Moura, havia insatisfação quanto ao trato do secretário junto à Assembleia Legislativa. Como articulador, ele não estava se impondo junto ao presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), para defender o governo — diz. No lugar de Moura, foi nomeado o procurador do estado Raul Teixeira.
Segundo a mesma fonte, Witzel também estava insatisfeito com secretário de Fazenda:
— Já com relação ao Luiz Claudio, o sentimento é de que o trabalho à frente da secretaria poderia ter sido melhor e de que o momento exige um economista como o Guilherme Mercês. Na gestão do Luiz Claudio, foram implementadas poucas medidas para aumento de receita — disse.
Mercês é idealizador e coordenador do Índice Firjan de Gestão Fiscal e ocupava o posto de subsecretário de Lucas Tristão, que comanda a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais. Guilherme Mercês terá a missão de contornar a brutal queda de arrecadação durante a pandemia.
Luiz Claudio, que já foi secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, chegou a participar de uma reunião, nesta quinta-feira (28), no Palácio Guanabara, para tratar do plano de reabertura do comércio.
Nos bastidores, comenta-se que a saída de André Moura representa uma vitória para o secretário de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, com quem Moura tem divergências. Tristão é um dos mais próximos secretários de Witzel.
— O André Moura não se empenhou para salvar o Tristão da fritura da Alerj meses atrás — avalia um aliado do secretário de Desenvolvimento Econômico.
A reportagem procurou ambos os secretários exonerados, mas ainda não obteve retorno. Também procurou a assessoria de imprensa do governador Wilson Witzel e aguarda um posicionamento oficial do Palácio Guanabara.
Segundo a colunista Berenice Seara, do jornal Extra, os próximos a serem demitidos serão os secretários Leonardo Rodrigues (Ciência e Tecnologia) e Felipe Bornier (Esporte).
Tensão com a Alerj tende a aumentar
Segundo uma fonte próxima a André Ceciliano (PT), presidente da Assembleia Legislativa, as modificações no secretariado tendem a aumentar a tensão entre o governo e o parlamento, tendo em vista que o deputado mantinha boa relação com Moura e que Tristão sofre rejeição por parte do petista. Nesta semana, dois pedidos de impeachment de Witzel chegaram à mesa diretora da Casa.
Ex-deputado federal pelo PSC, partido de Witzel, André Moura assumiu a Casa Civil em setembro do ano passado, por indicação do presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo. Ele foi integrante da tropa de choque do ex-presidente de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e homem de confiança do ex-presidente Michel Temer.