O senador Otto Alencar (PSD-BA) disse hoje (18), em entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metrópole, acreditar que o presidente Jair Bolsonaro vai recuar da decisão de condicionar a liberação da verba a Estados e municípios à adoção do chamado isolamento vertical. Segundo Otto, as declarações do empresário Paulo Marinho, suplente do senador Flávio Bolsonaro, podem contribuir para agravar a crise política, mas o parlamentar baiano entende que o foco do Congresso deve estar voltado para a pandemia do coronavírus.
“Houve um agravamento muito grande da tensão entre o Poder Executivo, o Supremo Tribunal Federal e a Polícia Federal nesta denúncia do Paulo Marinho, que é suplente do senador Flávio Bolsonaro. Essa declaração dele agora, já tardiamente, porque na minha opinião se ele tomou conhecimento antes e não fez isso na época, ele foi beneficiado pela eleição e prevaricou. Isso vai agudizar, comprometer, acentuar a crise que a demissão do ex-ministro Sergio Moro já trouxe para o âmbito do Palácio do Planalto. Eu estava conversando com [o presidente do Senado, Davi] Alcolumbre agora, ele estava muito tenso, preocupado, porque uma crise atrás da outra dificulta muito essas ações. Agora, me parece que o presidente vai recuar. Porque não é possível que ele queira achar que os recursos que serão encaminhados a Estados e municípios são da algibeira dele, do dinheiro dele. É dinheiro do povo, que tem que voltar pro povo. Ele não pode confundir as coisas, querer estabelecer critérios para a gestão da pandemia nos Estados e municípios, em um país que tem diversidades muito grandes. Não existe isso. Ele está querendo submeter os Estados”, avaliou.
Ainda segundo o Metro1, de acordo com Otto, tanto a Câmara quanto o Senado têm trabalhado com celeridade para aprovar projetos de socorro à população e aos entes federativos, mas as medidas são prejudicadas pela demora de Bolsonaro para sancionar os textos. “O que está deixando um pouco a desejar é que o presidente da República não está sancionando como deveria sancionar, devido à urgência da necessidade de recursos, os projetos. (…) É um momento delicadíssimo e que está permanentemente, desde que o presidente tomou posse, sendo complicado pelas crises gestadas pelo próprio presidente ou pelos seus familiares, pessoas que gravitam em torno dele, e ele não consegue ouvir nenhum daqueles seus conselheiros para poder ter uma relação respeitosa e harmônica com os Estados. Isso tem dado muito prejuízo à nação”, disse.
O senador também considera que a nomeação de militares da ativa e da reserva para cargos do governo é uma forma de aparelhamento. “Disseram uma vez que o PT aparelhou o governo. O governo nunca esteve tão aparelhado como agora. E ele acha que isso dá uma sustentação para ele debochar da saúde do povo brasileiro, não dar atenção mínima às instituições e querer desqualificá-las. Esse ato mesmo de interferência clara, notória, na Polícia Federal, é muito grave”, afirmou.