“A Bahia perde mais um pedaço de sua alma hoje, com a morte, aos 98 anos, do grande sambista Riachão. Sou de quase perto de Minas, de Livramento de Nossa Senhora, e a primeira canção do samba baiano que ouvi foi de Riachão, com o seu grande sucesso ‘Cada macaco no seu galho’, na voz de outro baiano genial, Gilberto Gil, cujas origens estão perto das minhas, em Ituaçu. É a música de um cronista popular, irreverente, que viveu pelas feiras, mercados e ruas da cidade, captando o que o povo pensa e diz, marcando indelevelmente a nossa baianidade”. Assim o presidente do Legislativo baiano, deputado Nelson Leal, definiu o legado do artista baiano, em moção de pesar que apresentou à Mesa Diretora da Casa nesta segunda-feira (30).
O presidente Nelson Leal disse que o nome de Riachão já está imortalizado, inclusive já dando nome ao circuito do Carnaval no bairro do Garcia. “O que devemos fazer agora é perpetuar a sua obra musical. São mais de 500 composições que precisam ser organizadas e gravadas. A Assembleia Legislativa da Bahia, através do selo ALBA Cultural, está disposta em colaborar no que for preciso para que o legado de Riachão seja preservado e passado para as futuras gerações”, disse Leal, externando o seu abraço de solidariedade à família e aos amigos de Riachão.
Riachão era o nome artístico de Clementino Rodrigues, considerado um dos maiores bambas do samba da Bahia. É autor de músicas que marcaram época para diversas gerações, retratando acontecimentos locais, como, por exemplo, a visita da Rainha Elizabeth II, da Inglaterra, ao Brasil – e à Bahia – em 1968: “Sei que também você viu, em plena Avenida Sete, foi aplaudida no Palácio da Aclamação, foi a maior emoção, a Rainha Elizabeth”.