A situação da pandemia do novo coronavírus no Brasil é considerada grave ou muito grave por 89% dos brasileiros, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizada pelo Instituto FSB.
O novo levantamento mostra um aumento de 9 pontos percentuais dessa percepção em relação a um ano atrás, reflexo da segunda onda de casos de Covid-19 que fez o número de casos e mortes pela doença dispararem no país.
De acordo com a CNN nesta nova etapa da pesquisa “Os brasileiros, a pandemia e o consumo”, para apenas 4% da população a situação não é grave.
Foram entrevistadas 2.010 pessoas por telefone entre os dias 16 e 20 de abril com idade a partir de 16 anos, em todos os estados e no Distrito Federal. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.
Um dos fatores para justificar essa piora na percepção é a proximidade das pessoas com vítimas do novo coronavírus: 3 em cada 4 entrevistados disseram que perderam alguém próximo.
Entre eles, mais da metade (53%) perdeu amigos, 25% se despediram de parentes e 15% tiveram colegas de trabalho mortos pela Covid-19. Além disso, 2% das pessoas ouvidas na pesquisa afirmaram que a vítima foi um parente com o qual moravam juntos.
Das mais de 2 mil pessoas entrevistadas pela FSB, pouco mais de 500 (25%), afirmaram que não sofreram perdas relacionadas à pandemia.
“Enquanto não houver uma vacinação em massa, a pandemia será motivo de grande preocupação para a população e continuará afetando o funcionamento das empresas, dificultando a esperada retomada da economia”, afirmou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, em comunicado.
A pesquisa fez ainda um cruzamento entre a pessoas que perderam alguém por causa da pandemia e o grau de medo dos entrevistados.
Entre os que tiveram algum parente, amigo ou conhecido morto pela doença, 61% disseram que o medo da pandemia ainda é muito grande ou grande. Já entre os que não sofreram perdas essa taxa cai para 43%.
A pesquisa mostra também que as mulheres estão mais preocupadas. Para 93% delas, a situação é grave ou gravíssima. Esse percentual entre os homens é de 85%.
Impacto por idades e região
A percepção também varia de acordo com a idade e a região em que entrevistados ouvidos pela FSB moram.
Entre as pessoas com 16 e 24 anos, 93% consideram a situação da pandemia no Brasil grave ou muito grave. Entre as pessoas de 25 a 40 anos, essa percepção foi relatada por 86% dos entrevistados.
No grupo com 41 a 59 anos, a avaliação grave ou muito grave foi relatada por 89%. E, por fim, entre as pessoas com mais de 60% essa percepção foi de 92%.
O grupo que apresentou maior incidência da opinião que a pandemia é pouco grave foi o de 25 a 40 anos, com 5%. Nos demais, o índice variou entre 2% e 3%.
No recorte regional, o sudeste apresenta a maior quantidade de pessoas que avaliam a situação do Covid-19 no Brasil como grave ou gravíssima: 92%. Por outro lado, entre os moradores do norte/centro-oeste essa avaliação cai para 85%.
Com índices similares, no sul a percepção grave ou muito grave foi relatada por 87% enquanto no nordeste ficou em 86%.
Em todas as regiões, apenas 1% dos entrevistados disseram que a situação no país é nada grave. Já os que consideraram pouco grave estão, principalmente, no norte/centro-oeste (7%).
Outras preocupações detectadas
Outro indicador captado pelo levantamento é o fato de que 44% da população disse acreditar que o número de casos e mortes provocados pela pandemia vai aumentar nos próximos dois meses.
Esse dado, no entanto, apresentou uma queda em comparação com as pesquisas anteriores, de julho de 2020, quando 55% manifestaram essa opinião e de maio de 2020, quando estava em 74%.
Entre os que esperam que a situação fique igual nos próximos meses estão 12% dos entrevistados – eram 13% em julho e 6% em maio de 2020.
Já os que acreditam que os casos e mortes por Covid-19 devem diminuir ou diminuir muito nos próximos 2 meses são 41% agora, ante 30% em julho e 18% em julho de 2020.
Além disso, a pesquisa CNI mostrou que mais da metade (56%) da população ainda está com muito medo ou grande medo da pandemia, enquanto 22% indicaram um medo médio e 9% um medo pequeno ou muito pequeno – 12% disseram não ter medo algum.
Esse dado mostra um aumento nas faixas com medo muito grande e grande tanto em relação a julho de 2020 (47%) quanto a maio de 2020 (53%).
E, na divisão por sexo, esse sentimento prevalece entre as mulheres, com 63%, ante 49% dos homens. Também é maior a quantidade de homens que não tem medo algum (15%) ante as mulheres com o mesmo sentimento (10%).