Três meses depois do primeiro caso registrado na Bahia, cerca de 79 municípios dos 417 do estado, seguem sem residentes infectados pela covid-19, conforme a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
Segundo reportagem do jornal Correio, as cidades resistentes estão espalhadas por 22 das 28 divisões regionais de saúde. Isso significa que seis regiões já foram tomadas pelo novo coronavírus. São elas: Salvador, Camaçari, Cruz das Almas, Valença, Juazeiro e Ilhéus.
O posto de cidade mais populosa da Bahia sem casos de covid-19 é alvo de controvérsia. O último boletim divulgado pela Sesab, na sexta-feira (5), colocou o município de Paratinga, a 729 km de Salvador, com dois casos confirmados. “Os pacientes não moram mais em Paratinga. O problema é que o cartão do SUS deles foi feito aqui”, explica a secretária de saúde Carmella Zanin.
O boletim do dia seguinte confirmou que a cidade não tem notificação da doença – ambos os registros são de pessoas que moravam em Salvador e São Paulo. Paratinga, no Oeste do estado, à beira do Rio São Francisco, tem 32 mil habitantes, sendo apenas a 89ª no ranking de maiores municípios baianos segundo o IBGE.
O segundo posto pertencia até sábado (6) à cidade de Carinhanha, a 787 km de Salvador. A cidade ficou livre do covid por quase três meses, até ter o primeiro caso registrado no último boletim da Sesab. Carinhanha possui 29 mil habitantes, sendo a 99ª maior cidade baiana segundo o IBGE. O município fica na região de Guanambi.
Cercadas de perigo
Encravadas em epicentros do novos coronavírus, cidades como Itaju do Colônia, Jucuruçu e Itagimirim chamam atenção: nenhuma das três registrou casos de contaminação.
Itaju do Colônia tem 6,6 mil habitantes, a 392ª maior cidade da Bahia. Está na região Sul, que concentra quase 10% dos casos de covid-19 no estado, localizada a 100 km de Itabuna, que tem 1.101 casos; 130 km de Ilhéus, que tem 722; e a 70 km de Camacan, que tem 113.
A preocupação dos gestores municipais com o natural avanço da covid-19 é compartilhada por especialistas, que endossam a certeza de que o vírus segue sua curva ascendente.
O epidemiologista Fernando Carvalho, da Universidade Federal da Bahia (Ufba), explica que a confirmação de casos de coronavírus nessas 79 cidades é uma questão de tempo – até porque, já podem até existir pacientes com a doença, mas assintomáticos.
A principal ação que esses municípios poderiam tomar, para amenizar os impactos, seria já preparar uma estrutura e pensar formas de isolar os pacientes. Blindar, mesmo, só seria possível se fosse instituído um lock- down (confinamento) total dos moradores, sem saída, nem entrada de pessoas, como explicou o professor.