Passado o primeiro turno da eleição geral deste ano, a rejeição segue como principal nó a desatar pela campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) e surge como um problema maior para o líder Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o Datafolha, dizem não votar nele 51% dos eleitores, enquanto 46% afirmam o mesmo do petista.
No domingo passado (2), Bolsonaro teve uma votação surpreendente e aproximou-se mais de Lula do que haviam aferido antes do pleito as pesquisas. Ele teve 43,2%, ante 48,4% do petista.
Desde então, a campanha do presidente vinha tentado apresentar um político menos estridente e mais moderado, apesar de intensidade dos ataques pessoais contra o antecessor que ocupou o Planalto de 2003 a 2010 ter subido. O mesmo ocorre no caminho inverso, com o PT recuperando até uma frase de Bolsonaro sobre canibalismo.
Mas por ora saíram de cena as contestações do sistema eleitoral e das urnas eletrônicas, somadas a ameaças golpistas supostamente apoiadas pelas Forças Armadas –subsistiram críticas às pesquisas.
O Bolsonaro do segundo turno segue a chamar Lula de ladrão, quando não satanista ou cristofóbico, mas se apresenta como alguém que cometeu erros e apresenta apoios institucionais de governadores eleitos.
Isso até aqui: nesta sexta (7), o presidente fez ataques destemperados ao seu antecessor, chamado de “pinguço”, e ao ministro do Supremo Alexandre de Moraes, que comanda o Tribunal Superior Eleitoral.
Tudo dentro do roteiro de quem tem uma rejeição considerada proibitiva por estrategistas eleitorais.
Com o estreitamento da disputa, de certa forma já notado com a desidratação de Ciro Gomes (PDT) no dia do pleito, a tática dual de Bolsonaro é o que lhe sobra para atrair indecisos e eleitores remanescentes do pedetista e de Simone Tebet (MDB) –ambos os rivais lhe emprestaram apoio com entusiasmo comedido.
Resta agora saber se a tática de demonização de Lula e do PT, que pode ter auferido votos na reta final para Bolsonaro, servirá para desgastar o petista. De saída, está dando resultado.
Ao longo do primeiro turno, não foi efetivo. O ex-presidente oscilou algo para cima sua taxa de rejeição, mas nunca passou dos 40%, mesmo depois da exposição no agressivo último debate daquela etapa na Globo, ocorrido no dia 29. Agora, está nos 46%, de resto uma alta esperada numa rodada só com dois competidores.
O petista, assim como o presidente, passou a semana organizando apoios para o segundo turno. Além de Ciro, bem a contragosto, e Tebet, com condicionantes, recebeu aval de diversos economistas de renome, o que pode lhe dar pontos de imagem em uma certa elite.
Nesta primeira rodada de pesquisa do segundo turno, o Datafolha ouviu 2.884 eleitores em 179 cidades, entre quarta (5) e esta sexta-feira (7). Contratado pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo, o levantamento está registrado no TSE sob o número BR-02012/2022 e tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos, considerando o índice de confiança de 95%.