Quase um quinto da população de menores de 18 anos na União Europeia e no Reino Unido se viu abaixo da linha da pobreza. Mais de 1,2 milhão de pessoas dormiram nas ruas, em abrigos ou alojamentos temporários. Em torno de 400.000 crianças viveram sem teto na União Europeia (UE) e no Reino Unido em 2023, afirma um relatório sobre a exclusão residencial na Europa elaborado pela Fundação Abbé Pierre e pela Federação Europeia de Associações Nacionais que Trabalham com Desabrigados (Feantsa).
O estudo apresentado nesta última quinta-feira (19) alerta que, no ano passado, “quase 14,5 milhões de crianças na Europa viveram em moradias com goteiras, umidade ou mofo”, sendo que cerca de um em cada quatro menores morava em habitações superlotadas.
Quase um quinto da população menor de 18 anos da UE – de 15,6 milhões de jovens – viveu abaixo da linha da pobreza.
A Romênia foi o país com a maior taxa de risco de pobreza ou de exclusão social entre os menores de idade, com 39%, seguida da Espanha (34,5%) e da Bulgária (33,9%). Os países que registraram as menores taxas foram a Holanda (14,3%), Finlândia (13,8%), e Eslovênia (10,7%).
A Fundação Abbé Pierre e a Feantsa estimam que, em 2023, 1.286.691 pessoas na UE e no Reino Unido viviam na rua, em abrigos noturnos ou alojamentos temporários.
Precariedade e a pobreza energética
O relatório também destaca a relação entre a precariedade e a pobreza energética nos países da UE. O índice de preços de energia aumentou de 105,4 pontos em janeiro de 2021 para 158,1 em dezembro de 2023, o que representa um aumento de 50%, segundo dados da agência europeia de estatísticas Eurostat utilizados na análise.
Entre 2021 e 2023, os preços de eletricidade e gás aumentaram 35,8% e 61,3%, respectivamente, assim como os preços dos combustíveis líquidos (71,2%) e sólidos (73%).
A consequência da alta nos preços de energia é que um em cada dez domicílios – e mais de um em cada cinco, no caso das moradias mais pobres – se encontrava no ano passado em situação de pobreza energética.
Espanha e Portugal (20,8%) encabeçam a lista de domicílios que tiveram dificuldades econômicas para aquecer no inverno ou refrigerar adequadamente durante a temporada de verão, seguidos da Bulgária (20,7%) e da Lituânia (20%).
O aumento dos custos com moradia também teve forte impacto na população. Entre 2020 e 2023, essas despesas subiram em média 16,6% na UE. Os países mais atingidos foram Hungria (52,5%), Lituânia (51,7%) e Estônia (48,9%), sendo que a Finlândia foi a única nação europeia a registrar queda (0,2%).
Os menores aumentos nos custos de moradia foram registrados no Chipre (2,1%), Alemanha (7,6%) e Itália (7,9%).