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segunda-feira 17 de outubro de 2022 às 15:57h

36% da Câmara eleita e 25% do novo Senado não são Lula nem Bolsonaro

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem o apoio da maioria dos congressistas eleitos para a nova legislatura que já se manifestaram nas redes sociais, mas 188 dos 513 deputados e 20 dos 81 senadores estão calados desde o primeiro turno e não manifestaram voto nem nele nem no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo levantamento da BITES publicado pelo jornal Valor.

O silêncio detectado nas redes sociais de 36% dos futuros deputados e de 25% dos senadores mostra que parte deles preferiu ficar neutro, pelo menos por enquanto, e não se comprometer com nenhuma das candidaturas. É um indicativo de que há espaço para o futuro presidente construir uma base aliada robusta, mas também que nenhum dos lados tem maioria tão firme.

Bolsonaro conta com a declaração de voto nas redes sociais de 204 deputados eleitos e Lula de 121. Entre os senadores eleitos e os de meio de mandato, o atual presidente também lidera: 38 manifestaram apoio a ele de forma explícita no Facebook, Instagram ou Twitter. O petista só recebeu a adesão de 23 senadores desde o primeiro turno.

O levantamento mostra que nem mesmo nas coligações dos candidatos há apoio unânime. Bolsonaro tem a chapa formada por PL, PP e Republicanos. O presidente conta com o pedido de voto de 29 dos deputados eleitos pelo Republicanos, mas 11 preferiram ficar neutros. No PP, comandado pelo chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, 22 defenderam a reeleição dele e 25 não se posicionaram.

No Senado, todos desses partidos estão na campanha do presidente. As adesões ao petista nesse campo são quase nulas. Ninguém no PP e PL declarou voto nas redes sociais para Lula. E no Republicanos, só o deputado Silvio Costa Filho (PE) faz campanha para ele na internet.

Bolsonaro não é unanimidade nem mesmo no PL, ao qual se filiou em novembro. Dos 99 eleitos, 15 não se manifestaram sobre a disputa presidencial em suas redes. Entre eles estão Tiririca (SP), o casal Josimar Maranhãozinho e Detinha (MA) e o sindicalista Luiz Carlos Motta (SP). Todos foram procurados pelo Valor, mas não comentaram.

João Carlos Bacelar (PL-BA), que também não tem postagens com o presidente no Facebook e no Instagram, enviou ao Valor um vídeo que compartilhou pelo WhatsApp com declaração de voto numa reunião com a bancada do agronegócio após o segundo turno. “A campanha acabou e dei férias para o pessoal das redes, por isso não devem ter colocado lá. O Lula teve 70% dos votos na Bahia. Se eu tivesse me omitido ou feito jogo duplo, teria o dobro dos votos que tive, mas estou trabalhando até dizer chega para o Bolsonaro vencer”, afirmou.

Lula também conta com defecções entre os dez partidos de sua coligação: Pros, Avante, PSB, PV e Solidariedade somam 34 deputados eleitos, mas só 14 pediram voto para ele na internet. Os mais ativos são os eleitos por PT e Psol, responsáveis por 5,9 mil das 6,9 mil mensagens de apoio ao petista nas redes sociais. Embora em maior número, os bolsonaristas foram menos ativos em relação ao seu candidato e o divulgaram 3,5 mil vezes, metade dos posts pró-Lula, segundo a BITES.

A decisão da senadora Simone Tebet (MDB) de fazer campanha por Lula após ficar em terceiro lugar na disputa não influenciou muito os eleitos pelo MDB. Na Câmara, 15 dos 42 deputados divulgaram que votarão no atual presidente e só três em Lula. Já no Senado, dos nove, cinco pedem voto no petista e nenhum em Bolsonaro. No União Brasil, que ficou neutro, 26 se posicionaram pela reeleição do atual presidente, e só um, Daniela do Waguinho (RJ), pela volta do antigo mandatário.

Caso emblemático do silêncio nas redes também é o PSDB, que liberou seus filiados, e o Cidadania, que declarou apoio “crítico” ao petista. Ambos formam uma federação e atuarão juntos no Congresso por quatro anos. Dos 18 deputados federais eleitos, quatro defenderam voto em Bolsonaro, 14 estão neutros e nenhum apoiou abertamente Lula. No Senado, a federação PSDB/Cidadania tem dois favoráveis ao atual presidente e três neutros.

O levantamento da BITES faz parte de estudo para os clientes da empresa sobre a composição do novo Congresso. O recorte sobre os apoios nas redes sociais, antecipado ao Valor, envolve declarações de voto do início do primeiro turno até a quinta-feira (14).

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