O esquerdista Gustavo Petro (Pacto Histórico) e o candidato de direita Rodolfo Hernández disputam o 2º turno da eleição presidencial da Colômbia neste domingo (19). Petro saiu na frente no 1º turno, conquistando 40,32% dos votos contra 28,15% do adversário. No 2º, a disputa está embolada.
A Colômbia vive uma hegemonia de 24 anos de governos liberais e conservadores –o último, de Iván Duque. Se Hernández vencer, manterá a tradição. Já uma vitória do candidato do Pacto Histórico faria com que a esquerda voltasse ao poder em mais um país da América Latina.
À esquerda
A região passa por um período de guinada à esquerda desde a eleição do esquerdista Andrés Manuel López Obrador, no México, em 2018. Políticos de esquerda também foram eleitos em Argentina (Alberto Fernández em 2019), Bolívia (Luis Arce em 2020), Peru (Pedro Castillo em 2021), Chile (Gabriel Boric em 2021) e Honduras (Xiomara Castro em 2021).
Em 2022, Colômbia e Brasil podem entrar para essa lista. No Brasil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é líder nas pesquisas para as eleições de outubro. O último levantamento PoderData, realizado de 5 a 7 de junho de 2022, mostra Lula com 43% das intenções de voto no 1º turno. Em 2º lugar, está o presidente Jair Bolsonaro (PL), com 35%. Em eventual 2º turno, o petista teria 50% das intenções de voto, contra 40% do atual chefe do Executivo, distância de 10 pontos.
Na Colômbia, Hernández recuperou terreno desde a realização do 1º turno e, agora, os 2 candidatos estão tecnicamente empatados. Em 2018, Petro perdeu no 2º turno para Duque.
Segundo o Idea (Instituto Internacional para a Democracia e a Assistência Eleitoral), movimentos pendulares e polarização do espectro político marcaram a última década na região. Estudo da organização analisa as tendências democráticas na América Latina antes e durante a pandemia.
Quando os preços das commodities caíram, em meados da década de 2010, as economias –dependentes da exportação de matérias-primas– sofreram o impacto, levando à eleição de políticos de direita. Agora, um movimento contrário, mas também de insatisfação, está levando a América Latina para o lado oposto.
Apesar de iniciado antes da pandemia, conforme o Idea, a devastação causada pela covid-19 é um dos principais fatores dessa virada.
“A pandemia de covid-19 atingiu severamente a América Latina e o Caribe, uma região atormentada por problemas estruturais não resolvidos, como alta criminalidade e violência, fragmentação e polarização política, pobreza e desigualdade, corrupção e fraqueza do Estado. As reformas políticas e socioeconômicas, há muito adiadas na região, agravaram as crises econômicas e de saúde pública causadas pela pandemia”, lê-se no documento.