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domingo 24 de julho de 2022 às 08:07h

1953: Político que mandou construir o Muro assumia governo na Alemanha Oriental

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Em 24 de julho de 1953, Walter Ulbricht tornava-se primeiro-secretário do SED, partido da então Alemanha Oriental. O político ficou conhecido por mandar construir o Muro de Berlim.”Ninguém tem a intenção de erguer um muro.” Essa é a frase mais conhecida de Walter Ulbricht, membro fundador do Partido Socialista Unitário da Alemanha (SED) e, durante muito tempo, figura dominante tanto do partido como do próprio sistema político da República Democrática Alemã (RDA, ou Alemanha Oriental, extinta com a Reunificação alemã).

A construção do Muro de Berlim, em 1961, representou conforme a Deutsche Welle, a definitiva consolidação do poder de Ulbricht, várias vezes ameaçado. Mas, como uma espécie de fênix, ele tinha o dom de sair fortalecido das situações difíceis.

Foi o que aconteceu no verão europeu de 1953. O regime do SED estava desde o final do ano anterior mergulhado numa profunda crise, relacionada com o plano imposto por Ulbricht de “construção planejada do socialismo” na Alemanha Oriental.

Devido à crescente pressão política e econômica, cada vez mais pessoas deixavam a Alemanha Oriental rumo ao Ocidente. Por mês, o número oscilava entre 15 mil e 23 mil.

Quando, no início de junho de 1953, o comando do SED, insuflado pelo Kremlin, implementou mais uma reviravolta política, o descontentamento da população virou protesto. As manifestações em todo o país no dia 17 de junho de 1953 só foram encerradas com a ajuda do exército soviético.

A conversa de Ulbricht com alguns trabalhadores, no dia 23 de junho, soa como puro sarcasmo: “Todas as ordens foram cumpridas à risca, não é? No Exército Popular, certo? Além disso ainda estão por aqui de prontidão uns tanques soviéticos, não é, para que os… bem… opositores não tenham qualquer sombra de dúvida. Espero que tirem disso uma lição, certo?”

Oposição nas próprias fileiras

Não apenas a população, mas também os próprios companheiros do SED tentaram rebelar-se em junho de 1953. Na reunião do Politburo do dia 6 de junho, os opositores de Ulbricht o instaram a fazer uma revisão geral de sua política para além das imposições da União Soviética. Falava-se numa “ditadura Ulbricht”, e foi formada uma comissão para elaborar propostas de reforma.

Erich Honecker, um dos poucos que permaneceram fiéis a Ulbricht, observou: “Todos caem sobre Walter. Ele será derrubado.”

No dia 26 de junho, os camaradas foram diretos. Rudolf Herrnstadt, redator-chefe do jornal Neues Deutschland, perguntou: “Desculpe, Walter, ter que dizer isso, mas não seria melhor você entregar imediatamente a direção do partido?”

Nessa reunião foi encaminhada ao Comitê Central uma sugestão para abolir o secretariado e a função de secretário-geral. Se tivessem vingado, ela significaria a destituição de Ulbricht.

Caminho livre para Ulbricht

Mas também essa oposição foi revertida com a ajuda dos camaradas soviéticos. Em 3 de julho, durante nova reunião para decidir sobre a composição da nova estrutura de comando, apareceu inesperadamente uma autoridade soviética dizendo que a URSS apoiava o funcionamento do Comitê Central através de vários secretários, que deveriam ser subordinados ao primeiro-secretário, responsável pela coordenação geral.

Com esse forte apoio, Ulbricht partiu para o contra-ataque: o projeto dos reformadores coloca em questão o caráter do partido, divide o partido e apresenta posições social-democratas, afirmou. Quando ele associou alguns de seus opositores ao chefe do serviço secreto soviético e sucessor de Stalin, Lavrentiy Beria – que havia sido preso por “ações criminosas contra o Estado e o partido” – os camaradas recuaram de vez.

Assim, o caminho ficou livre para Ulbricht: em 24 de julho de 1953, ele foi nomeado primeiro-secretário do Comitê Central do SED e tinha, mais uma vez, a posição-chave dentro do partido. A era Ulbricht somente terminaria em 1971, quando seu herdeiro político, Erich Honecker, o substituiu no cargo.

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