Virginia nega atrelamento de remuneração a perdas dos seguidores com apostas

A influenciadora Virginia Fonseca negou nesta terça-feira (13) em depoimento à chamada CPI das Bets, do Senado Federal, que seu contrato com a casa de apostas Esportes da Sorte, já encerrado, previa o recebimento de uma quantia por ela a partir das perdas dos seguidores dela em apostas realizadas pelos links compartilhados pela influenciadora nas redes sociais.

Virginia deu a declaração em resposta segundo Guilherme Resck, do O Antagonista, a pergunta feita pelo senador Izalci Lucas (PL-DF). Segundo o parlamentar, foi o revelado que o contrato previa o recebimento de uma porcentagem sobre as perdas dos seguidores delas em apostas realizadas feitas por meio dos links. “Algo em torno de 30%”, disse Izalci.

Ele perguntou, então, se o contrato previa ou prevê remuneração baseada em percentual de perda dos apostadores que usam os links ou códigos promocionais.

“Até ótimo falar sobre isso porque na época saiu na internet, eu não pude responder, por questão de confidencialidade, eu não pude falar e eu apanhei calada, muitas pessoas falando sobre, eu fiquei calada, porque não pude falar, mas meu advogado me instruiu que aqui eu posso falar”, iniciou Virginia, em resposta.

“O que aconteceu foi o seguinte: eu fechei o meu contrato com a Esportes da Sorte e esse valor que eles me pagaram, se eu dobrasse o lucro dele, eu receberia 30% a mais da empresa. Em momento algum sobre perdas dos meus seguidores, nunca teve sobre isso no contrato, meu contrato não tem nada de anormal”.

Ainda de acordo com ela, o lucro nem chegou a ser dobrado. “Então eu nunca recebi um real a mais do que o meu contrato de publicidade que eu fiz por 18 meses. Era um valor fixo, se eu dobrasse o lucro, eu receberia 30% a mais da empresa, mas isso não chegou a acontecer”.

A influenciadora afirmou que essa era uma “cláusula padrão”, e todos os seus contratos na época eram assim, não apenas aqueles com bets.

Virginia disse que vai disponibilizar o antigo contrato com a Esportes da Sorte à CPI.

Regulamentação no Brasil

Izalci perguntou a Virginia ainda se ela é favorável a criação no Brasil de uma regulamentação mais rigorosa para a promoção de jogos de apostas por influenciadores.

“Quando eu posto, sempre deixo muito claro que é um jogo que pode ganhar e pode perder. Que menores de 18 anos é proibido na plataforma. Se possui qualquer tipo de vício, o recomendado é não entrar. E para jogar com responsabilidade. Coloco sempre todas as imagens do Conar, exigidas pelo Conar, então sempre deixo isso claro”, respondeu Virginia.

“Nunca falei que é para a pessoa entrar para fazer o dinheiro da vida dela, nunca pontuei isso. Estou falando por mim, não sei como outros influenciadores fazem, outras pessoas, outras empresas, não sei, mas eu sempre deixo muito claro, tudo isso que me passaram para falar eu falo, em todos os Stories. Normalmente eu faço três, em dois eu falo, e no outro é mostrando como joga e tudo mais”.

Mensagens dos seguidores

Izalci quis saber da influenciadora ainda se ela já recebeu mensagens ou comentários de seguidores relatando problemas de endividamento, vício ou outras consequências negativas decorrente das apostas que ela promoveu.

“Em 53 milhões de seguidores, foi um caso que não seguiu para a frente. Eles desistiram. Foi uma ação que não deu seguimento, não continuou”, afirmou Virginia.

O depoimento dela à CPI das Bets prossegue. Ela foi convocada para falar, na condição de testemunha. Uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em resposta a pedido feito pelos advogados da influenciadora, determina que o colegiado assegure a ela o direito ao silêncio, ou seja, de não responder a perguntas que possam de qualquer forma incriminá-la. Mas ela respeondeu e deve ganhar nos próximos dias mais alguns milhões de seguidores.

A Comissão Parlamentar de Inquérito investiga a crescente influência dos jogos virtuais de apostas online no orçamento das famílias e o uso de influenciadores digitais na promoção e divulgação desses jogos.