sábado 12 de outubro de 2024
Edmundo González, candidato da oposição venezuelana, de 74 anos — Foto: Federico PARRA / AFP
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domingo 28 de julho de 2024 às 10:56h

Venezuelanos farão atos em apoio a opositor de Maduro em 41 cidades brasileiras

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Imigrantes e refugiados da Venezuela irão às ruas de 41 cidades brasileiras no próximo domingo, dia em que a nação caribenha terá sua eleição presidencial, para demonstrar apoio ao candidato de oposição Edmundo González, que concorre contra o chavista Nicolás Maduro, no poder há 11 anos. A iniciativa faz parte de uma mobilização internacional em todos os continentes, liderada pelo Brasil no número de localidades envolvidas.

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O objetivo é mobilizar a sociedade e a classe política brasileira, em especial diante do crescente receio de que Maduro não reconheça uma eventual derrota ou promova fraudes eleitorais em larga escala, em locais de grande circulação de pessoas aos domingos. No Rio de Janeiro, por exemplo, o ato será na Praia de Copacabana, enquanto em Brasília a concentração será na Torre de TV.

Os atos também irão prestar solidariedade a María Corina Machado, liderança da oposição que teve sua candidatura barrada pelo regime de Maduro, e denunciar a supressão de votos de venezuelanos no exterior.

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Na estimativa de lideranças da comunidade de refugiados e imigrantes no Brasil, apenas mil pessoas entre os 500 mil venezuelanos no país estão habilitadas a votar na única seção eleitoral habilitada no Brasil, a embaixada em Brasília. Em escala mundial, apenas 69 mil dos 8 milhões que hoje vivem no exterior estarão aptos a votar no próximo domingo – número consideravelmente menor do que no último pleito, quando 110 mil estavam habilitados.

O governo Lula em imagens
Com a ausência do antecessor, Lula subiu a rampa e recebeu a faixa das mãos do povo — Foto: Hermes de Paula/Agencia O Globo
Lula se emocionou ao discursar contra a fome, que prometeu erradicar novamente — Foto: Evaristo Sa/AFP
10 fotos
Presidente Lula, a primeira-dama Janja, em cerimônia de posse de Anielle Franco e Sônia Guajajara como ministras — Foto: Sergio Lima / AFP

Segundo William Clavijo, porta-voz da Rede de Venezuelanos no Brasil (Redeven), houve uma tentativa deliberada do chavismo de dificultar a atualização dos cadastros eleitorais daqueles que deixaram a Venezuela nos últimos anos diante da aguda crise política e socioeconômica vivida pela nação caribenha.

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“O Brasil é um dos países onde os direitos políticos venezuelanos foram mais violados. Não conhecemos nenhum caso de um venezuelano que tivesse conseguido atualizar seus dados para votar na embaixada da Venezuela em Brasília, o único centro de votação habilitado no país”, declarou Clavijo em entrevista à equipe do blog.

“Infelizmente não conseguiremos votar, mas poderemos expressar nosso descontentamento pela negação dos direitos políticos de milhões de venezuelanos que vivem no exterior”.

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Ao todo, mais de 20 milhões de pessoas estão registradas para votar no território da Venezuela, incluindo cidades que ficam a poucos quilômetros da fronteira com o Brasil.

Lisura da eleição
Clavijo afirma que há grande expectativa e sentimento de mudança na comunidade venezuelana no Brasil, assim como apreensão sobre a lisura do pleito e a tensão na terra natal – Maduro afirmou na semana passada que haverá um “banho de sangue” e uma “guerra civil” caso saia derrotado nas urnas.

Entre as capitais que receberão os atos organizados pela comunidade venezuelana, além do Rio e de Brasília, estão Belo Horizonte (MG), Vitória (ES), Recife (PE), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Manaus (AM), Boa Vista (RR), Porto Velho (RO) e Campo Grande (MS). Outras cidades menores completam a lista de 41 municípios.

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“A eleição do próximo domingo terá um impacto sem precedentes na opinião pública brasileira devido à própria hostilidade do presidente Nicolás Maduro com o governo e as instituições brasileiras”, aposta o porta-voz, em referência à troca de farpas entre Lula e o ditador na última semana e os ataques do venezuelano ao sistema eleitoral brasileiro, que motivaram o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a cancelar o envio de dois observadores a Caracas.

O recuo do TSE ocorreu depois que Lula se disse “assustado” sobre a previsão de Maduro sobre um banho de sangue e defendeu que o venezuelano aceite o resultado caso derrotado, ao que o ditador respondeu, sem citar o brasileiro, que os assustados “tomassem um chá de camomila”.

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Apesar das faíscas, a declaração do assessor especial para assuntos internacionais de Lula, Celso Amorim, ao GLOBO de que a democracia venezuelana “está consolidada” levantou dúvidas sobre a real pretensão do Brasil e do Itamaraty de mediar a questão.

Questionado sobre o papel do governo Lula na eleição de domingo, William Clavijo afirma que a comunidade venezuelana recebeu de forma positiva as advertências de Lula e diz esperar que o presidente mantenha o regime sob pressão fazendo uso dos laços históricos com o chavismo.

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“Esperamos uma posição clara e firme do Brasil para que se respeite a livre expressão da vontade popular dos venezuelanos no domingo”, afirmou o porta-voz. “Nossa expectativa é de que o governo brasileiro faça o correto e estabeleça limites claros para o governo Maduro, indicando que não vai apoiar qualquer tentativa de fraudar ou não reconhecer os resultados. Na última semana Lula já deixou muito claro que não o acompanharia nesses cenários”.

“Hoje o governo brasileiro tem um papel importantíssimo a desempenhar pelo histórico de relacionamento que tem com o chavismo. É um interlocutor com entrada no Palácio Miraflores que pode desempenhar um papel fundamental para garantir que avancemos na criação de condições de uma transição pacífica e democrática e da normalização da alternância democrática no país”, completou.

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Além do Brasil, também haverá mobilização em outros países da América do Sul, como Argentina, Chile, Uruguai, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia, da América Central (El Salvador e República Dominicana) e na do Norte (Estados Unidos, Canadá e México).

Venezuelanos também irão às ruas na Europa (Espanha, França, Itália, Suíça, Alemanha, Bélgica e Holanda), no Oriente Médio (Israel) e na Oceania (Austrália).

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