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sexta-feira 4 de fevereiro de 2022 às 10:18h

Sucessão baiana de 2022, por Joaci Góes

ARTIGO, NOTÍCIAS, POLÍTICA


Não há memória de um momento político-eleitoral, na Bahia, tão indefinido quanto o atual, em razão da potencial imprevisibilidade do curso de ação de alguns dos seus principais protagonistas, entre os quais se destacam ACM Neto, Jaques Wagner, João Leão, João Roma, Marcelo Nilo, Otto Alencar e Rui Costa, aqui elencados por ordem alfabética. À exceção de Rui Costa, impedido pela inelegibilidade, qualquer dos demais, poderá ser eleito Governador da Bahia, a depender das alianças que vierem a ser concertadas.

O esquema de forças liderado pelo PT só tem chances de estender o seu domínio, na política baiana, se forem atendidas as aspirações de seus aliados João Leão, Marcelo Nilo e Otto Alencar, hipótese que impõe a permanência de Jaques Wagner no exercício da senatoria, e Rui Costa contentando-se com mais um mandato de deputado federal. Otto continuaria no Senado, ficando o Governo e a Vice Governadoria com João Leão e Marcelo Nilo. Acontece que, inconformado com a tradição do PT de só rezar o Pai Nosso (venha a nós o vosso reino), parece ser definitiva a defecção de Marcelo Nilo, cansado de ser considerado muito bom aliado, apenas para apoiar, nunca para ser apoiado em candidaturas majoritárias.

Um desdobramento do panorama atual, admitido nos bastidores, conduz à crença de que Rui Costa permanecerá até o fim do mandato, para assegurar a eleição do seu padrinho político, Jaques Wagner, ao Governo, mantida a vaga senatorial para a continuidade de Otto Alencar, tendo em vista a firme decisão de João Leão de candidatar-se ao Executivo Estadual, por entender ser esta a última oportunidade de ver realizada sua antiga e legítima aspiração. Leão tem sido o inspirador e condutor do que de mais moderno e melhor tem sido realizado nos dois mandatos do atual Governo. Em face disso, a João Leão abrem-se as largas portas de uma aliança com ACM Neto, João Roma e Marcelo Nilo, vista pelos analistas como fatal para o domínio petista na Bahia.

Segundo pesquisas de opinião, dessas lideranças políticas, as três com maiores possibilidades eleitorais, isoladamente consideradas, seriam ACM Neto, Jaques Wagner e João Roma, cuja gestão do programa Auxílio Brasil lhe confere crescente popularidade, em razão de ser a Bahia a unidade federada com o maior número de famílias beneficiárias desse programa, acima, inclusive, de São Paulo, não obstante a população paulista ser três vezes maior do que a baiana.

Foi o Bolsa Família quem transferiu o domínio do eleitorado pobre da Bahia e do Nordeste dos coronéis para o PT. Esse domínio, agora, passa a ser do Governo Bolsonaro, fato que confere ao Ministro João Roma excepcional protagonismo nas eleições de outubro próximo. João Roma que por ocasião das eleições comandará cerca de um terço dos votos na Bahia, constrói sua força eleitoral com votos migrados de ACM Neto e do PT, na proporção, segundo estimamos, respectivamente, de um e dois terços, tornando-o decisivo na contenda eleitoral, sobretudo se o Presidente Bolsonaro parar de fazer gol contra.

Se esse cenário for verdadeiro, a batuta eleitoral baiana está nas mãos de ACM Neto, que, a depender de sua regência, poderá construir uma aliança conducente a uma memorável vitória e consolidação de promissora liderança, maior do que sua já reconhecida efetividade, independentemente de que venhamos a ter uma terceira via, temida pelos líderes do maniqueísmo corrente, cada vez mais percebido como uma Escolha de Sofia.

Como a política costuma ser uma surpreendente caixa de Pandora, e a Bahia, como diagnosticou Otávio Mangabeira, ser o locus do imprevisível, poderemos protagonizar mais um precedente de um novo absurdo a ocorrer em qualquer parte do Mundo.

Territorialmente, o quinto maior estado brasileiro, abaixo, apenas, do Amazonas, do Pará, do Mato Grosso e de Minas Gerais, a Bahia tem a quarta população, superada por São Paulo, Rio e Minas Gerais. Com um IDH de 0,714, inferior ao da Venezuela, a Bahia ocupa a 22ª posição no Brasil, acima, apenas, de Sergipe, Pará, Piauí, Maranhão e Alagoas. Numa palavra: a Bahia está na mais baixa posição, relativamente às demais unidades federadas, desde que aqui aportou Tomé de Souza, em 1549, situação vexaminosa que tem na pior educação do País, aqui praticada, sua causa maior.

A terra de Castro Alves e Rui Barbosa, quem diria, transformou-se numa versão moderna do Presente de Grego.

Artigo reproduzido da coluna de Joaci Góes no jornal Tribuna da Bahia.

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