Apesar de uma sequência de indicadores econômicos favoráveis – como inflação sob controle, crescimento acima das expectativas e desemprego em queda –, a popularidade do presidente Lula da Silva (PT) permanece estagnada ou em queda, segundo as principais pesquisas de opinião. O paradoxo que divide especialistas e políticos é claro: por que, se o Brasil está melhorando, o governo Lula vai mal?
Dados do IBGE, Banco Central e mercado financeiro mostram um cenário relativamente positivo:
- A inflação acumulada em 12 meses segue abaixo de 4%;
- O PIB cresceu 2,5% no primeiro trimestre, surpreendendo analistas;
- O desemprego está no menor patamar desde 2014;
- E o consumo das famílias continua em alta.
No entanto, a avaliação do governo Lula não acompanha essa recuperação. Pesquisas recentes do Datafolha e do Ipec apontam que mais da metade dos brasileiros avaliam o governo como regular ou ruim/péssimo, e a aprovação pessoal de Lula se mantém inferior ao esperado para quem comanda indicadores positivos.
Corrupção e criminalidade seria a culpa
Além do aumento de corrupção, como a fraude no INSS e a alta da criminalidade em diversas regiões do país, o presidente Lula também enfrenta desgaste entre setores que historicamente o apoiavam, como o eleitorado evangélico e parte da classe média, além de críticas crescentes de ex-apoiadores.
Comparações e expectativas
Outro desafio para o Planalto é a comparação constante com o próprio Lula do passado. Eleito pela terceira vez em 2022, o petista enfrenta o peso de sua própria biografia: parte do eleitorado esperava um retorno ao “Lula do crescimento”, com distribuição de renda e otimismo generalizado, o que não se concretizou, naquela época, os aliados eram outros.
“A expectativa era de um governo transformador. O que se vê é um governo de costura política e tentativa de sobrevivência no Congresso. Isso frustra parte da base e não conquista o centro”, resume o analista político Creomar de Souza.
Risco à reeleição?
A distância entre os dados econômicos e a percepção popular preocupa o núcleo político do governo. Lula ainda não confirmou se será candidato à reeleição em 2026, mas já admite publicamente a possibilidade. Para analistas, se o sentimento de bem-estar não se espalhar, o presidente poderá enfrentar dificuldades reais nas urnas.
“O governo fala para os especialistas e não para o povo. Números não reelegeram ninguém, histórias sim. E Lula parece estar distante das histórias reais da população, diferente do que foi em seus primeiros mandatos”, diz uma fonte do partido, sob reserva ao #Acesse Política.