O Ministério das Relações Exteriores da Rússia condenou neste domingo (22) os ataques aéreos realizados pelos Estados Unidos contra três instalações nucleares no Irã, classificando a ação como uma “decisão irresponsável” e uma violação flagrante do direito internacional. Os bombardeios ocorreram no sábado (21), em meio à crescente tensão entre Irã e Israel, que ameaça desestabilizar ainda mais o já frágil equilíbrio no Oriente Médio.
Segundo comunicado oficial divulgado à imprensa internacional, Moscou afirmou que os EUA violaram a soberania iraniana e as resoluções da ONU. “A decisão irresponsável de submeter o território de um Estado soberano a ataques com mísseis e bombas, quaisquer que sejam os argumentos apresentados, viola flagrantemente o direito internacional, a Carta das Nações Unidas e as resoluções do Conselho de Segurança”, disse o governo russo.
A Rússia também exigiu o fim imediato das ações militares e convocou a comunidade internacional a intensificar os esforços para a retomada de soluções diplomáticas. O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, viajará a Moscou nesta segunda-feira (23) para uma reunião com o presidente Vladimir Putin.
Bombardeios americanos e escalada da crise
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou que a operação militar foi conduzida por tropas norte-americanas e teve como alvos três instalações nucleares iranianas, incluindo o complexo subterrâneo de Fordow — um dos centros mais sensíveis do programa nuclear do Irã. Segundo estimativas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Fordow tem capacidade para operar até 3 mil centrífugas para enriquecimento de urânio.
O ataque norte-americano foi uma resposta ao agravamento do conflito iniciado em 13 de junho, quando as Forças de Defesa de Israel (FDI) atacaram o centro do programa nuclear iraniano e alvos militares estratégicos em Teerã. Horas depois, o Irã lançou uma série de retaliações contra posições israelenses, elevando o risco de uma guerra aberta na região.
China também condena ação dos EUA
A China também se posicionou contra os bombardeios. Em nota publicada na rede social X (antigo Twitter), o Ministério das Relações Exteriores chinês afirmou que “as ações dos EUA violam gravemente os propósitos e princípios da Carta da ONU e do direito internacional”. Pequim criticou o que considera uma atitude unilateral e destabilizadora, e pediu contenção de todas as partes.
Clima de alerta global
A ofensiva norte-americana reacende o temor de uma escalada militar com repercussões globais. Analistas alertam que ataques diretos a estruturas nucleares podem desencadear reações severas, não apenas do Irã, mas de seus aliados na região, como o Hezbollah, no Líbano, e milícias pró-iranianas na Síria e no Iraque.
Organismos internacionais, como a ONU e a AIEA, ainda não se pronunciaram oficialmente sobre os ataques, mas fontes diplomáticas indicam que o Conselho de Segurança deverá ser acionado nos próximos dias para debater a crise.
Enquanto isso, o clima entre Washington e Teerã se deteriora ainda mais, dificultando qualquer possibilidade de retorno ao acordo nuclear de 2015, abandonado pelos EUA durante a gestão Trump. O mundo agora observa com apreensão os próximos passos de uma crise que ameaça se transformar em um novo conflito internacional de grandes proporções.