O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirma em entrevista a Bernardo Mello Franco, do O Globo, que a “radicalização política” impediu que o Papa Francisco fosse uma unanimidade no Brasil.
Nos 12 anos em que esteve à frente da Igreja Católica, o pontífice se reuniu com três presidentes brasileiros. A exceção foi Jair Bolsonaro, que chegou a criticá-lo quando estava no poder.
— O Brasil e o mundo ficaram muito divididos pela radicalização política. Era inevitável que isso atingisse o Papa. Como líder religioso, muitas vezes ele tinha que se manifestar — disse Temer à coluna de Bernardo Mello Franco.
O emedebista esteve duas vezes com Francisco, ambas como vice-presidente de Dilma Rousseff. A primeira foi em 2013, quando o Papa veio ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude.
— A presidente Dilma não foi se despedir dele, mas eu fui. Foi um momento muito interessante. Eu estava inspirado no meu discurso. Disse que o Papa era argentino, mas a partir daquele momento residia no coração dos brasileiros — relembrou o ex-presidente.
No ano seguinte, Temer representou o governo brasileiro na missa pela canonização do padre José de Anchieta, realizada no Vaticano.
— Assisti à missa na primeira fileira. Fiquei muito feliz porque o Papa me reconheceu e parou para me cumprimentar — contou o ex-presidente.
Francisco não voltou mais ao Brasil após o impeachment de Dilma, em 2016. Temer tentou trazê-lo no ano seguinte, mas o Papa recusou o convite. Em carta, fez referência à crise política que o país atravessava e disse que não tinha “receita para resolver algo tão complexo”.
Questionado, o ex-presidente disse não se lembrar do episódio.
— Para mim, Francisco deixa uma imagem de paz, serenidade e progresso. Torço para que o próximo Papa siga os passos dele — disse Temer.