domingo 13 de outubro de 2024
João Martins da Silva Júnior, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. - Foto: Divulgação/Confederação da Agricultura Brasil
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domingo 15 de setembro de 2024 às 11:05h

Quem é João Martins da Silva Junior, o feirense que se tornou presidente da Faeb e da Confederação da Agricultura Brasil

HOMENAGEM, NOTÍCIAS


Formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), o feirense João Martins da Silva Júnior possui uma carreira profissional dedicada à atividade pecuária que se estende por mais de cinco décadas, conforme apresenta a reportagem de Carlos Augusto, diretor do Jornal Grande Bahia. A trajetória de Martins começou com seu pai, João Martins, que na década de 1940 se destacava no abate de bois para abastecimento de Salvador. Na década de 1970, João Martins Júnior estabeleceu-se como produtor de leite na Fazenda Grande Vista, localizada em Feira de Santana, interior da Bahia.

Contribuições e Liderança no Setor Pecuário

João Martins Júnior desempenhou um papel fundamental em diversas organizações do setor pecuário. Foi um dos fundadores e primeiro tesoureiro da Central de Cooperativas de Leite da Bahia (CCLB) e também atuou como presidente interino da Associação Baiana de Criadores (ABAC). Na década de 1980, Martins assumiu o cargo de diretor e primeiro vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (FAEB). Após um período de afastamento de cinco anos, retornou em 2000 para a presidência da entidade, função que exerceu até 2018. Desde 2012, Martins ocupava a primeira vice-presidência da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), antes de ser eleito presidente da entidade em 2015, com mandato renovado em 19 de setembro de 2017 para o quadriênio 2017-2021. Além disso, é presidente e acionista da Agropecuária João Martins S/A.

Atuação em Entidades e Conselhos

Sua atuação não se limitou às funções executivas. João Martins foi presidente do Conselho Administrativo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional da Bahia (SENAR/AR/BA) de 2000 a 2015. Também atuou como membro suplente do Conselho Deliberativo do SEBRAE Nacional, representando a CNA, entre 2012 e 2014; presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAE Bahia de 2009 a 2014; e membro titular do Conselho do Comitê Estadual de Logística de Transporte (CELT), do Governo do Estado da Bahia, de 2013 a 2014. Além disso, participou como membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Bahia (CODES) e do Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia (SECTI), representando a FAEB.

Legado e Influência no Agronegócio

A influência de João Martins da Silva Júnior no agronegócio baiano é indiscutível. Seu legado é profundamente ligado ao trabalho iniciado por seu pai e à inovação que ele trouxe ao setor. Nascido em uma família com forte tradição empresarial, João Martins Júnior foi imerso nos negócios de seu pai desde cedo. O pai, João Martins Filho, destacou-se no abate de bois e na gestão de fazendas e atividades imobiliárias, incluindo a criação do subúrbio de Paripe, em Salvador. Sua gestão de 138 açougues e casas de carne forneceu uma base sólida para a formação empresarial de seu filho.

Desde jovem, João Martins Júnior mostrou aptidão para os negócios, desempenhando um papel ativo na empresa familiar aos 18 anos. Herdou do pai um espírito inovador, evidenciado por suas melhorias nas práticas logísticas, como a redução do tempo de transporte de gado vivo por navio, uma inovação significativa na época.

Infância e Formação Acadêmica

Criado em uma família numerosa, João Martins Júnior vivenciou uma infância que o aproximou das fazendas de Paripe e Itapetinga, solidificando seu vínculo com a terra e a compreensão do trabalho coletivo. Ele cursou o ensino médio no Colégio Sofia Costa Pinto e, apesar de um interesse inicial por engenharia, optou por Administração de Empresas na Universidade Federal da Bahia (UFBA), conforme a recomendação de seu pai. Sua formação acadêmica em uma das primeiras turmas do curso de Administração da UFBA foi fundamental para sua contribuição ativa nos negócios da família.

Visão Coletiva e Impacto no Agronegócio

A visão de João Martins Júnior sobre a força coletiva, ensinada por seu pai por meio de metáforas como a dos palitos de dente, moldou sua abordagem ao agronegócio. Em resposta às dificuldades enfrentadas pelos produtores locais na década de 1970, Martins fundou uma cooperativa de leite e tornou-se o primeiro tesoureiro da CCLB, buscando organizar a cadeia produtiva e garantir preços justos para os produtores.

Ascensão e Liderança no Setor

Na década de 1980, João Martins Júnior consolidou sua liderança no agronegócio, participando da fundação da Associação Baiana de Pecuaristas (ABAP), que mais tarde se transformou na ABAC. Sua atuação foi crucial na organização da primeira exposição estadual no Parque de Exposições de Salvador, um evento que precedeu a Feira Internacional de Agropecuária (FENAGRO). Durante esse período, também desempenhou um papel significativo na revitalização do Matadouro Frigorífico S.A. (Mafrisa), transformando-o em um dos principais frigoríficos da Bahia.

Liderança Sindical e no SENAR

Nos anos 1990, assumiu a vice-presidência da FAEB e a presidência do SENAR – Bahia, onde promoveu a capacitação profissional e assistência técnica para modernização do setor. Sua gestão no SENAR destacou-se pelo compromisso com a inclusão e a participação dos trabalhadores rurais, reforçando a importância da cooperação entre as partes envolvidas.

Presidência da FAEB e Expansão

Em 2000, João Martins assumiu a presidência da FAEB e enfrentou desafios significativos com a transformação do agronegócio baiano. Ele foi fundamental na diversificação das atividades produtivas e na expansão da fronteira agrícola para regiões como o oeste baiano e a Chapada Diamantina, além de promover a modernização da FAEB.

Presidência da CNA

Em 2015, João Martins Júnior foi eleito presidente da CNA, solidificando sua liderança no agronegócio brasileiro. Seu trabalho sempre focou na organização coletiva, inovação e fortalecimento do setor, impactando significativamente o agronegócio no Brasil. Sua trajetória exemplifica um modelo de liderança visionária e compromisso com o desenvolvimento do setor agropecuário, mostrando que a combinação de tradição, inovação e trabalho coletivo pode transformar não apenas o campo, mas também o país.

Reeleição e Fortalecimento do Sistema

Reeleito em 19 de setembro de 2017 com apoio unânime das 27 federações estaduais, João Martins da Silva Júnior consolidou sua posição como um dos principais líderes do agronegócio no Brasil. Ele defendeu uma gestão colegiada na CNA, valorizando a participação coletiva na tomada de decisões e na implementação de políticas voltadas ao desenvolvimento do setor. Um dos principais desafios de sua gestão foi a adaptação do sistema sindical rural ao novo cenário de contribuição voluntária, buscando formas de garantir a sustentabilidade das entidades representativas do agronegócio.

Legado e Influência no Agronegócio

A trajetória de João Martins da Silva Júnior no agronegócio brasileiro é um exemplo de liderança visionária, marcada pela combinação de tradição familiar, inovação e uma abordagem coletiva para enfrentar os desafios do setor. Sua atuação à frente da CNA e da FAEB moldou o desenvolvimento do agronegócio no Brasil, e seu legado é um reflexo de seu compromisso em promover o crescimento sustentável e organizado do setor agropecuário.

Confira a seguir a entrevista exclusiva concedida pelo líder empresarial ao Jornal Grande Bahia, na qual ele aborda a sua relação com a cidade de Feira de Santana, o papel de Feira de Santana no agronegócio baiano e a criação do Centro de Excelência em Zootecnia na cidade, entre outros temas.

Entrevista ao diretor do Jornal Grande Bahia, Carlos Augusto, sobre a relação com Feira de Santana e os desafios do agronegócio

O jornalista e cientista social Carlos Augusto, diretor do Jornal Grande Bahia, entrevistou João Martins Junior, personalidade reconhecida no cenário do agronegócio brasileiro e líder da principal entidade do país. O diálogo abordou especialmente a relação dele com a cidade de Feira de Santana, sua terra natal. João Martins compartilha sua visão sobre o papel da princesa do Sertão no desenvolvimento agropecuário da Bahia, bem como suas reflexões acerca dos desafios e oportunidades para o setor.

— Como define sua relação com a cidade de Feira de Santana, sua terra natal?

João Martins Junior: Feira de Santana sempre foi e continua sendo um ponto crucial para o agronegócio baiano. A cidade é mais do que um local de nascimento; é um centro de referência agropecuária. Muitos produtores de várias regiões do estado passam ou residem em Feira, tornando-a um “banco de consulta” para diversas atividades agropecuárias. Assim, Feira não apenas reflete o dinamismo da pecuária baiana, mas também atua como termômetro para as demais atividades ligadas ao agronegócio.

— Qual é sua avaliação sobre o papel de Feira de Santana no cenário do agronegócio na Bahia?

João Martins Junior: Feira de Santana desempenha um papel de liderança na pecuária baiana. É uma cidade onde os produtores encontram um espaço diversificado e dinâmico para trocar experiências e buscar referências. Embora a pecuária da região não seja diferente da agricultura moderna e avançada do oeste da Bahia ou da fruticultura de Juazeiro, ela se distingue por sua importância histórica e por ser uma atividade com altos investimentos tecnológicos. No entanto, esses avanços ainda estão concentrados nas mãos de poucos produtores, o que destaca a necessidade de disseminar esse conhecimento e essas práticas para fortalecer o setor como um todo.

— Qual é o impacto esperado para o agronegócio baiano com a construção e futura operação do Centro de Excelência em Zootecnia de Feira de Santana?

João Martins Junior: A criação do Centro de Excelência em Zootecnia em Feira de Santana representa um marco para a agropecuária baiana. A expectativa é que essa iniciativa contribua para o fortalecimento técnico do setor, oferecendo suporte científico e tecnológico que pode resultar em maior eficiência produtiva. Com isso, esperamos que o centro promova uma maior qualificação dos produtores e crie oportunidades para um desenvolvimento sustentável, gerando impactos positivos não apenas para Feira, mas para todo o estado.

— Um estudo do  Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada revela disparidade no acesso ao crédito nas regiões Nordeste e Norte. Em sua opinião, quais seriam as possíveis soluções para essa questão?

João Martins Junior: A disparidade no acesso ao crédito é uma questão recorrente no Nordeste, e Feira de Santana não está imune a isso. Embora exista disponibilidade de crédito, especialmente por meio dos bancos oficiais, o processo é demasiadamente burocrático. Para resolver essa questão, é preciso simplificar o acesso ao crédito e, fundamentalmente, acompanhar esse crédito com assistência técnica adequada. Não adianta apenas liberar recursos; é necessário que o produtor tenha condições de utilizá-los de forma eficaz. Além disso, precisamos de uma maior desburocratização e agilidade na concessão desses financiamentos.

— Quais são, em sua visão, os principais desafios enfrentados pelo agronegócio na Bahia?

João Martins Junior: Um dos maiores desafios é a insegurança jurídica, que afeta diretamente a confiança dos produtores e investidores no setor. Além disso, a logística e a comunicação são problemas que dificultam o escoamento da produção. O produtor que deseja começar ou retomar suas atividades precisa, antes de tudo, estar bem informado sobre o mercado e saber com precisão o que quer produzir. A eficiência e a organização da produção são fatores determinantes para garantir a competitividade, mas só podemos alcançá-las se começarmos com a organização do próprio produtor.

— Que conselhos o senhor daria a um produtor rural que está começando ou retomando suas atividades?

João Martins Junior: O primeiro passo é entender o mercado e identificar o que se quer produzir. A produção rural não pode mais ser vista de forma isolada; ela precisa ser parte de uma cadeia organizada e eficiente. A assistência técnica é fundamental, assim como o acesso a crédito simplificado. Além disso, é importante investir em conhecimento e tecnologia, sempre buscando estar atualizado com as melhores práticas. E, claro, é imprescindível enfrentar os desafios com resiliência, pois o agronegócio, apesar de suas dificuldades, continua sendo uma das atividades mais promissoras e geradoras de emprego e renda no país.

João Martins da Silva Junior, presidente da CNA, ao lado de familiares
João Martins da Silva Junior, presidente da CNA, ao lado de familiares- Foto: Arquivo Pessoal/Jornal Grande Bahia
Em 19 de setembro de 2017, João Martins da Silva Junior foi reeleito para presidir a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para os próximos quatro anos.
Em 19 de setembro de 2017, João Martins da Silva Junior foi reeleito para presidir a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para os próximos quatro anos. Foto: Arquivo Pessoal/Jornal Grande Bahia
Em 24 de agosto de 2024, o jornalista e cientista social Carlos Augusto, diretor do Jornal Grande Bahia, o presidente da CNA, João Martins da Silva Júnior, e o engenheiro e empresário do agronegócio Carlos Kruschewsky Filho participaram de encontro no Cajueiro Convenções, durante evento do setor do agro em Feira de Santana.
Em 24 de agosto de 2024, o jornalista e cientista social Carlos Augusto, diretor do Jornal Grande Bahia, o presidente da CNA, João Martins da Silva Júnior, e o engenheiro e empresário do agronegócio Carlos Kruschewsky Filho participaram de encontro no Cajueiro Convenções, durante evento do setor do agro em Feira de Santana. Foto: Arquivo Pessoal/Jornal Grande Bahia
Em 13 de setembro de 2024, durante a 45ª Expofeira, João Martins da Silva Júnior, presidente da CNA; ao lado do primo Colbert Martins Filho (MDB), prefeito de Feira de Santana; Jorge Khoury, presidente do Sebrae Bahia; políticos, empresários e representantes do agronegócio.
Em 13 de setembro de 2024, durante a 45ª Expofeira, João Martins da Silva Júnior, presidente da CNA; ao lado do primo Colbert Martins Filho (MDB), prefeito de Feira de Santana; Jorge Khoury, presidente do Sebrae Bahia; políticos, empresários e representantes do agronegócio. Foto: Arquivo Pessoal/Jornal Grande Bahia

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