domingo 13 de julho de 2025
Rui Costa (PT), Jerônimo Rodrigues (PT) e Otto Alencar (PSD) - Foto: Arquivo/2022/Divulgação
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terça-feira 17 de junho de 2025 às 08:34h

PSD da Bahia vota contra IOF de Lula e sinaliza afastamento político

DESTAQUE, ELEIÇÕES 2026, NOTÍCIAS


O PSD da Bahia, comandado pelo senador Otto Alencar, votou nesta última segunda-feira (16) pela aprovação do regime de urgência para o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 314/2025, que suspende o decreto do governo Lula sobre o aumento das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O requerimento foi aprovado por 346 votos a favor e 97 contra.

O fato marca o primeiro sinal de um possível distanciamento entre o PSD e o Palácio do Planalto. A movimentação causou surpresa no Congresso, especialmente por envolver uma sigla que compõe a base de sustentação do governador Jerônimo Rodrigues (PT) na Bahia.

Nos bastidores, a decisão do partido teria sido motivada por duas razões políticas centrais. A primeira envolve o senador baiano Angelo Coronel (PSD), que corre o risco de ficar fora da chapa majoritária do grupo governista na Bahia em 2026. Coronel estaria insatisfeito com a possibilidade de não disputar a reeleição ao Senado, já que o PT articula outras composições com partidos aliados, deixando o PSD sem espaço na chapa.

A segunda razão vem da cúpula nacional do partido. O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, tem se aproximado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cotado como presidenciável em 2026. Kassab já declarou que o PSD deve apoiar Tarcísio caso ele confirme sua candidatura, o que sinaliza um realinhamento estratégico em nível nacional — inclusive com reflexos diretos na Bahia.

Otto em posição delicada

Otto Alencar, senador de mandato até 2030, mantém influência regional, mas vê seu partido dividido entre a lealdade ao governo estadual e a tendência de independência que Kassab impõe nacionalmente. A votação contra o aumento do IOF pode ser um recado claro: o PSD não quer seguir automaticamente todas as orientações do PT, especialmente quando se sente escanteado politicamente.

Alianças em xeque

A aliança entre o PSD e o PT na Bahia, que vem desde as eleições de 2014, passa por um momento de tensão. A eventual exclusão de Coronel da chapa majoritária e a falta de diálogo em torno do espaço do partido nas decisões estratégicas da base governista alimentam especulações sobre um possível rompimento até 2026.

Analistas veem o movimento como um primeiro passo para o PSD baiano retomar sua autonomia, podendo, inclusive, lançar candidaturas próprias nas próximas eleições, caso o espaço político na aliança com o PT continue a encolher.

Reação do Planalto

No Planalto, a votação do PSD contra o IOF foi vista com preocupação. O governo Lula enfrenta dificuldades para consolidar maioria no Congresso e conta com partidos de centro como o PSD para garantir avanços nas pautas econômicas. A infidelidade da bancada baiana acende um alerta vermelho no entorno do presidente.

Enquanto isso, Otto Alencar evita confrontos diretos com Lula, mas também não se mostra disposto a aceitar imposições partidárias que prejudiquem seus aliados locais — especialmente Coronel, que é amigo pessoal de Otto e já deixou claro o desconforto com a articulação do PT baiano.

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