O governo brasileiro, por meio da Dataprev em parceria com a startup americana DrumWave, deu o primeiro passo para transformar o cidadão em protagonista do mercado de dados. O projeto-piloto dWallet permite que os brasileiros vendam suas “pegadas digitais” — as informações geradas pelo uso da internet — diretamente para empresas, recebendo pagamento por isso.
Como funciona
Os usuários depositam dados pessoais em uma “carteira de dados” digital.
Quando uma empresa se interessar por essas informações, faz uma oferta. O usuário decide se aceita ou não — garantindo controle total sobre o uso dos seus dados.
Após a confirmação, o valor é creditado na carteira e pode ser transferido para conta bancária.
Público-alvo e remuneração
O piloto foi lançado com foco em brasileiros que têm contratos de crédito consignado — um grupo potencialmente de mais de 60 milhões de pessoas.
Usuários já cadastrados no programa estão recebendo em média cerca de US$ 50 por mês pelo compartilhamento dos seus dados.
Inovação e pioneirismo
Especialistas apontam o Brasil como pioneiro ao permitir que cidadãos monetizem seus dados em grande escala. A proposta é vista como um modelo de equidade digital, reconhecendo os dados pessoais como ativo econômico.
Enquanto iniciativas similares em outros países — como EUA e Cingapura — não avançaram em larga escala, o dWallet coloca o Brasil à frente no reconhecimento da propriedade digital do usuário.
Perspectivas e críticas
O sucesso do piloto pode transformar o Brasil em referência global. No entanto, há especialistas que alertam para o risco de ampliar desigualdades, pois pessoas de menor renda podem sentir-se pressionadas a vender dados sensíveis para complementar a renda.
O que vem por aí
A próxima etapa será avaliar o comportamento do mercado no piloto. Se comprovada a viabilidade, o projeto pode ser ampliado, cobrindo outros grupos de usuários e dando início a uma transformação na economia digital: colocar o cidadão no centro do valor que seus dados geram.
O dWallet representa um marco na trajetória de proteção e reconhecimento de dados no Brasil — consolidada pela LGPD e agora com um passo adiante: o empoderamento econômico do cidadão na era digital.