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domingo 26 de junho de 2022 às 09:11h

Polícia Rodoviária Federal revela qual a estrada mais mortal do país

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A violência que se esconde por trás de curvas e em meio às áreas industriais conurbadas que tornaram temida e famosa a BR-381, na saída para o Espírito Santo, em Minas Gerais, paira também sobre a BR-040, transferindo o macabro título de “Rodovia da Morte” para o trecho entre Simão Pereira, na Zona da Mata, quase divisa com o Rio de Janeiro, e Paracatu, Noroeste de Minas, próximo à divisa com Goiás. O segmento de 850 quilômetros da estrada que liga a capital fluminense ao Distrito Federal, passando por Belo Horizonte, mata uma pessoa a cada 12 acidentes registrados em um trajeto de curvas fechadas, asfalto escorregadio, trechos sem acostamento e palco de muita imprudência, como mostra a reportagem do jornal Estado de Minas.

Com base nessa escala de letalidade nas ocorrências, a BR-381, nos 990 quilômetros entre Extrema (Sul de Minas, divisa com São Paulo) e Mantena (Região Leste, na divisa com o Espírito Santo), seria a quinta pior estrada do Brasil, com 14,7 batidas, capotamentos, atropelamentos e outros desastres a cada óbito registrado. Os dados fazem parte do Anuário Estatístico 2021 da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Na escala de letalidade por trecho (veja quadro), o Paraná tem a segunda pior rodovia, a BR-376, com um caso fatal a cada 13,2 acidentes, e a terceira, a BR-277 (13,68 desastres por óbito). O Rio de Janeiro aparece em seguida nos levantamentos da PRF, com a BR-116, que registra uma vida perdida a cada 13,72 ocorrências.

Com base nos números, a equipe do EM percorreu trechos da BR-040 e constatou inúmeros obstáculos e armadilhas nos dois sentidos da rodovia que partem da capital mineira, situações que ajudam a explicar o potencial de letalidade dos desastres na estrada. Na saída para Brasília, o tráfego pesado é marca em bairros populosos da Grande BH, especialmente em Contagem e Ribeirão das Neves, que misturam fluxo urbano entre os transportes pesados de cargas, além dos de passageiros e de viagem.

Nesse percurso, com as fortes chuvas que marcaram o início do ano, muitos trechos de acostamento que foram engolidos por erosões continuam como armadilhas à espera de reparos. Mas a principal reclamação dos motoristas até Sete Lagoas, a 70 quilômetros de Belo Horizonte, é sobre a pista escorregadia por derramamentos constantes de cargas como carvão e minério destinados às siderúrgicas, o que termina com carros e carretas sofrendo derrapagens e se acidentando fora da pista ou na valeta central que separa as duas mãos de direção.

A todo vapor

 Já na saída para o Rio de Janeiro, o principal desafio para condutores e pedestres em região também densamente povoada é o tráfego pesado e rápido de carretas e caminhonetes de mineradoras entre BH, Nova Lima, Brumadinho e Itabirito. Veículos cujos motoristas muitas vezes protagonizam manobras arriscadas e desrespeito à velocidade máxima regulamentada. O uso de um radar remoto é suficiente para deixar claro que os veículos que mais transgridem os limites são prestadores de serviços em carretas das minas e frotistas em picapes terceirizadas para mineradoras.

Em trecho de seis quilômetros entre Nova Lima, Itabirito e Brumadinho, em 10 minutos foram registrados 46 veículos excedendo o limite de 80km/h e ultrapassando a tolerância de 88km/h, no fim da manhã de uma terça-feira. O mais veloz deles foi uma caminhonete com adesivação reflexiva e as bandeiras exigidas para ingressar na mineração, que marcou 134km/h, excedendo em 67,5% o máximo permitido para a via.

No mesmo dia, um apito grave de buzina ao longe chamou a atenção para duas carretas trafegando no sentido BH do trecho. Uma delas precisou entrar bruscamente na pista da direita, seguida de outra, coberta por pó de minério, que a ultrapassou sem esforço pela esquerda, marcando 120km/h, 50% a mais que o limite naquele trecho da estrada mais letal do Brasil em 2021.

Em baixa velocidade devido às condições dos acessos e à falta de acostamentos, veículos que vêm de vias secundárias também representam ameaça quando se arriscam em manobras perigosas. É comum também observar motociclistas fazendo retornos pelos canteiros centrais que separam os fluxos de direção da 040, aproveitando-se de estreitas janelas de oportunidade entre o tráfego veloz.

Motorista quase entra na estatística

Na BR-040, as péssimas condições dos terrenos usados como acostamento onde essas estruturas não existem também trazem momentos de tensão, em que a diferença entre o sucesso da manobra e um desastre podem estar em detalhes muitas vezes não controlados pelos condutores. Em um desses espaços, em Brumadinho, um velho Fiat Uno teve dificuldades para sair do acostamento deteriorado e entrar na pista de sentido Rio de Janeiro.

Depois de vários minutos – pelo menos 10 –, com pescoço torcido, rosto virado e os olhos quase fechados pelo reflexo do sol, o condutor enfim viu uma chance de entrar na rodovia. Mas, ao acelerar, o carro foi retido quando as rodas da frente caíram em um buraco escavado pelas chuvas antes da pista de asfalto. Ele acelera, mas mais uma vez a roda recebe um impacto, desta vez do desnível alto entre o asfalto e a terra erodida, obrigando o homem a exigir mais do pedal do acelerador. Com os caminhões e carros já muito próximos, ele consegue, enfim, ganhar velocidade e seguir viagem antes de se tornar mais um número nas estatísticas.

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