Após conseguir apresentar a urgência do projeto de Anistia ao 8 de janeiro, o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, agora deve convencer o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), a manter o deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE) como relator da pauta no plenário. Há uma avaliação nos bastidores de que, se houver mudança na relatoria, os bolsonaristas podem perder o controle sobre o texto. Valadares relatou a proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e é um aliado fiel do ex-presidente.
Apoiadores de Bolsonaro no Congresso até aceitam fazer alterações no projeto para torná-lo mais palatável, mas querem manter a essência da anistia. O ex-presidente tem dito que não está interessado na redução de penas – negociada por Motta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Supremo Tribunal Federal (STF), como mostrou a Coluna do Estadão – mas sim em um perdão “amplo, geral e irrestrito” para os condenados pela invasão dos prédios dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
“É um excelente nome”, disse à Coluna do Estadão o líder do PL na Casa, Sóstenes Cavalcante (RJ), ao defender a permanência de Valadares na relatoria. Sóstenes procurará Motta na semana que vem para tratar do assunto. A ideia é ter o diálogo antes de o presidente da Câmara reunir as lideranças partidárias, no dia 24, para decidir se colocará o requerimento de urgência em votação no plenário.
Enquanto o PL tenta convencer Motta e os líderes do Centrão a pautarem a urgência da anistia, o governo Lula e seus aliados no Congresso argumentarão que há mais de mil requerimentos para acelerar a tramitação de projetos de lei esperando votação. O Palácio do Planalto também está mapeando indicações de deputados a cargos no Executivo para pressioná-los a rejeitar a anistia se quiserem manter sua influência política nesses postos.