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Da esquerda para a direita: Ronaldo Caiado, Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e Ratinho Junior — Foto: Brenno Carvalho | Mônica Andrade/Governo do Estado de SP | Edilson Dantas | Brenno Carvalho
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domingo 16 de fevereiro de 2025 às 10:25h

Piora na avaliação de Lula anima oposição para 2026 e dificulta apoios ao Planalto

DESTAQUE, ELEIÇÕES 2026, NOTÍCIAS


A pior avaliação positiva do presidente Lula da Silva (PT) em todas as suas gestões animou a oposição e revelou um cenário mais adverso para o Executivo no xadrez das eleições de 2026. Auxiliares do presidente reconhecem segundo O Globo, que os números do Datafolha divulgados na sexta-feira (14) tornam mais difícil para Lula alcançar um dos objetivos que haviam sido traçados para a reforma ministerial que está sendo desenhada: amarrar desde já apoios de partidos para a eleição do ano que vem.

O receio no governo é de que siglas que já resistiam a firmar compromissos para a disputa do próximo ano evitem de vez embarcar em uma candidatura. Além disso, Lula tem dados sinais trocados: não descarta a possibilidade de disputar a reeleição, tampouco se compromete com a busca pelo quarto mandato. Na primeira reunião ministerial do ano, em janeiro, o petista afirmou que Deus decidiria o seu futuro, surpreendendo integrantes do governo.

A avaliação positiva do governo caiu de 35% para 24%, nos últimos dois meses, segundo o Datafolha. A avaliação negativa do governo (ruim ou péssima) também é recorde e subiu, no período, de 34% para 41%.

Ministros e líderes da base colocam em dúvida uma candidatura do presidente caso a popularidade do governo permaneça baixa. Se o risco de fracasso for grande, dizem, seria mais conveniente para o presidente, de 79 anos, não concorrer e evitar assim a possibilidade de encerrar a carreira política com uma derrota.

Apesar disso, auxiliares do petista dizem que ele ainda é o favorito na disputa. Mesmo com queda na popularidade, pesquisa Genial/Quaest do início do mês mostra que Lula lidera em intenções de voto em todos os cenários testados e vence seus rivais nas simulações de segundo turno.

Diante das incertezas do cenário de 2026, Lula pediu que o marqueteiro da sua campanha em 2022, Sidônio Palmeira, assumisse a comunicação do governo, no início deste ano. Esse movimento tem se refletido no dia a dia, por exemplo, com o presidente gravando vídeos com tons eleitorais, além de entrevistas. As informações dessa reportagem são de Ivan Martínez-Vargas, Sérgio Roxo, Karolini Bandeira e Camila Turtelli, do O Globo.

— Estamos reestruturando a comunicação para garantir que a verdade chegue de forma mais clara à população. O foco do governo continua sendo resolver problemas reais dos brasileiros, como o preço dos alimentos. O presidente Lula segue com força para 2026, como também indicam as recentes pesquisas — disse o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

A queda na popularidade do governo ocorre após a crise do Pix e com a inflação em alta. Integrantes do governo apostam na reversão do quadro inflacionário, devido a uma safra recorde, e também no poder da máquina pública. O Planalto pretende avançar ainda em propostas como a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais.

— Lula consegue se recuperar durante o ano, basta fazer os ajustes, trocar ministros, acabar com os ruídos e acertar na comunicação — afirma o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG).

Apesar do otimismo, os números do Datafolha também podem alterar o quadro projetado no Planalto de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não concorrerá a presidente em 2026. Tarcísio é considerado por ministros de Lula um adversário mais difícil do que outros nomes da direita.

Uma candidatura de Tarcísio ao Planalto dependeria do aval de Bolsonaro, que insiste em manter o próprio nome a despeito de estar inelegível. Nesse ponto, parte da oposição defende que o ex-presidente abra mão do discurso de que será candidato para fortalecer um novo nome.

Bolsonaro está inelegível e pode ser alvo de uma denúncia da Procuradoria-Geral da República nos próximos dias por suposta trama golpista. O presidente tenta reverter sua inelegibilidade no Congresso por meio de mudanças na Lei da Ficha Limpa ou uma anistia.

Presidente do PP — que tem André Fufuca no Ministério do Esporte —, o senador Ciro Nogueira (PI) afirma, no entanto, que a tendência é de demora na definição de uma candidatura da oposição.

— O Tarcísio é um nome forte, mas não vai passar por cima do Bolsonaro e não sei se Bolsonaro vai apoiá-lo — disse o ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro.

Correndo por fora

Na direita, o cantor Gusttavo Lima e o ex-coach Plablo Marçal (PRTB), que disputou a prefeitura de São Paulo no ano passado, ensaiam candidaturas à Presidência no ano que vem. Marçal, no entanto, enfrenta ações judiciais que podem tirá-lo da disputa. Outro que tenta se viabilizar é Ronaldo Caiado (União), governador de Goiás.

— É um quadro (do Datafolha) muito ruim, não dá tempo para recuperar a credibilidade. Não dá nem pra sonhar mais com vitória em 2026 — disse Caiado.

No MDB, que detém três ministérios de relevância (Planejamento, Cidades e Transportes), a ala que defende uma ruptura com Lula, capitaneada pelos diretórios do Sul e do Sudeste, se vê fortalecida.

— Os poucos que são a favor dele (Lula) não farão esforço com esse cenário de ladeira abaixo — diz o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).

Em outra frente, o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões, defende que o partido esteja com o PT, mas diz que o apoio da sigla ainda vai ser decidido em votação:

— O governo precisa se reorganizar e ativar o modo eleição. Ainda estamos longe do processo eleitoral e dá tempo de melhorar até lá, mas precisa ser agora.

Diretor da Quaest, Felipe Nunes ressalta que, se a eleição fosse hoje, Lula ainda estaria na dianteira das pesquisas porque nem toda desaprovação a seu governo migra para a oposição:

— Para a oposição ganhar de Lula, precisaria capitalizar a maior parte dessa rejeição ao governo, o que não ocorre. Hoje, uma parte expressiva vira abstenção eleitoral. Esse pedaço de rejeição não capturado pela oposição tende a abrir as portas para outsiders.

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