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quarta-feira 28 de julho de 2021 às 14:41h

Pedro Castillo toma posse como presidente do Peru em meio a muitas incertezas

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Chegou a hora de Pedro Castillo. O professor de uma pequena escola nos Andes reuniu sua família e um pastor evangélico ao redor da mesa da cozinha de casa, no começo do ano, para anunciar que iria se candidatar à presidência. Era, à época, um sindicalista pouco conhecido. As possibilidades de que tivesse sucesso pareciam distantes. Oito meses depois, após uma exaustiva campanha que dividiu o país, Castillo assumiu o cargo de presidente. Sua posse desta quarta-feira (28) coincide com uma data histórica, os 200 anos de independência do Peru.

O momento chega cercado de incertezas. Castillo ainda não falou quais serão os nomes de seu gabinete. Vladimir Cerrón, o líder de seu partido e quem o convidou a se candidatar pela formação, tenta colocar o maior número de pessoas de seu entorno nos postos de importância do Governo. Cerrón é um político de esquerda radical alinhado a Cuba e à Venezuela. Em um evento recente do partido que ele mesmo criou lançou algumas mensagens veladas a Castillo: “Se o Governo se desviar, é o partido que precisa recolocá-lo no caminho”. Castillo, até agora, resistiu às pressões e pensa em colocar pessoas de seu entorno e de perfil mais de centro, como o economista Pedro Francke no ministério da Economia. O que fica claro é que a tensão entre Cerrón e o presidente pode ser uma constante.

Sua vitória nas urnas, questionada por sua rival Keiko Fujimori, não foi rapidamente reconhecida no âmbito internacional. O candidato incomum, um político nada usual, causava estranheza. Os observadores internacionais não detectaram nenhuma anomalia no processo eleitoral. Apesar disso, os Estados Unidos e a União Europeia demoraram três semanas a reconhecer que as eleições foram limpas. Sua posse, entretanto, terá nomes importantes. O Rei da Espanha, Felipe VI (com quem teve uma reunião), e cinco presidentes sul-americanos, entre eles o colombiano Iván Duque, estarão no ato nas primeiras filas. Castillo falará à nação às 12h15 (14h15 de Brasília). Será uma novidade. No último mês quase não apareceu publicamente.

Castillo não terá tranquilidade para governar, se é que isso é possível no Peru. Terá o Congresso contra ele. Seu partido não está na mesa diretora e só tem 37 cadeiras, de um total de 130. Durante a campanha do segundo turno, os grupos políticos que dominam o novo Parlamento apoiaram Fujimori. Apesar dos obstáculos, 50% dos peruanos, segundo uma pesquisa do Instituto de Estudos Peruanos, veem seu futuro Governo com esperança e confiança. De acordo com uma pesquisa do Ipsos Peru, 75% dos peruanos esperam que ele dê prioridade aos serviços de saúde e ao avanço da vacinação contra a covid-19. Tem trabalho pela frente.

O professor foi proclamado como presidente há oito dias somente. O partido fujimorista Força Popular entrou –sem provas de irregularidades– com centenas de recursos para anular milhares de votos de Castillo, atrasar a posse e plantar dúvidas sobre a legitimidade e limpeza do processo eleitoral. 80% dos pesquisados desaprovam a conduta de Fujimori, cujos pedidos foram indeferidos. Na terça-feira (27) foi publicado o relatório final da missão de observação eleitoral da União Europeia. “As eleições foram em geral críveis e íntegras, de acordo com os compromissos e obrigações nacionais e internacionais”, diz o documento.

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