Um mapeamento inédito obtido pela Globo News e pelo g1 revela que o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas do Brasil, expandiu sua atuação para 28 países em quatro continentes, consolidando-se como um dos principais grupos do crime organizado transnacional. O relatório, que está sendo apresentado a embaixadas e autoridades internacionais, mostra a presença ativa da organização em operações de tráfico de drogas e armas, lavagem de dinheiro e até recrutamento de novos membros em presídios estrangeiros.
De acordo com as investigações, o PCC não apenas exporta drogas para mercados na Europa, África e América do Norte, como também estabeleceu rotas logísticas internacionais sofisticadas, utilizando portos estratégicos e empresas de fachada para movimentar milhões de dólares em atividades ilícitas. A facção mantém conexões com organizações criminosas locais e até com milícias e cartéis internacionais.
Presídios como centros de recrutamento
Um dos pontos mais alarmantes do relatório é a estratégia do PCC de infiltração em presídios no exterior, onde identifica presos latino-americanos em situação vulnerável e os recruta para a organização. O processo, semelhante ao que ocorre em penitenciárias brasileiras, visa formar uma rede global de integrantes leais ao comando da facção.
As autoridades brasileiras apontam que essa atuação em prisões de outros países representa um risco crescente à segurança internacional, ao permitir que o PCC amplie sua rede de influência sem depender exclusivamente de lideranças sediadas no Brasil.
Crimes financeiros e uso do sistema bancário internacional
O mapeamento também destaca a atuação do PCC em lavagem de dinheiro, utilizando empresas de fachada, contas bancárias internacionais e criptomoedas para esconder e movimentar os lucros do tráfico. Em alguns países, a facção já é investigada por atuação no setor de transporte e de comércio exterior, com indícios de envolvimento em licitações e fraudes fiscais.
A magnitude da rede levou o Brasil a intensificar a cooperação internacional, por meio de ações conjuntas com a Interpol, agências antidrogas e ministérios da Justiça de países parceiros. O objetivo é bloquear ativos financeiros, interceptar remessas ilícitas e fortalecer o combate aos crimes transnacionais.
Diplomacia em alerta
O relatório está sendo apresentado a embaixadas estrangeiras no Brasil e discutido com organismos internacionais, com o intuito de alertar as autoridades locais sobre a presença da facção e promover ações coordenadas de combate. O documento tem sido utilizado como base para a criação de novas estratégias de repressão ao crime organizado internacional.
A expansão do PCC acende um alerta sobre os desafios da segurança pública globalizada. Especialistas afirmam que o grupo criminoso já não age apenas como uma facção nacional, mas sim como um “cartel transnacional moderno”, com estrutura descentralizada, tecnologia avançada e articulação além das fronteiras.
O governo brasileiro avalia que, sem uma resposta firme e articulada com outros países, o avanço do PCC pode colocar em risco não apenas a segurança nacional, mas também a estabilidade de rotas comerciais e sistemas financeiros em diversas regiões do mundo.