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sábado 21 de junho de 2025 às 14:54h

Partidos com ministérios no governo sinalizam oposição a Lula em 2026

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Quase vinte anos após enfrentar dificuldades para manter sua base eleitoral unificada rumo à reeleição em 2006, o presidente Lula da Silva (PT) revê um cenário semelhante às vésperas da disputa de 2026. Apesar de ter construído uma base ministerial composta por 11 partidos, o petista vê o centro político — especialmente siglas como PSD, PP, Republicanos e União Brasil — acenar cada vez mais para a oposição em suas inserções de rádio e TV, enquanto testam nomes com apelo popular e discurso moderado, prontos para disputar a Presidência em um possível segundo turno sem Bolsonaro.

Um governo com aliados infiéis

O atual desenho da Esplanada dos Ministérios indica formalmente uma frente ampla de apoio a Lula. Mas, na prática, muitos dos partidos que ocupam cargos no Executivo já preparam alternativas fora da órbita petista. O exemplo mais emblemático é o PSD, liderado por Gilberto Kassab, que possui três ministérios, mas concentra seus esforços em fortalecer o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como principal nome da direita em 2026 diante da inelegibilidade de Jair Bolsonaro.

Nas propagandas partidárias do PSD, exibidas recentemente em São Paulo, Tarcísio aparece como símbolo de eficiência e modernidade. Enquanto isso, o governador do Paraná, Ratinho Junior, outro quadro do PSD, surge em cadeia nacional com um discurso liberal, elogiando a liberdade econômica e prometendo um “Brasil sem brigas ideológicas”.

Em paralelo, o PP de Ciro Nogueira já adota um tom abertamente oposicionista. Em suas inserções, figuras como a senadora Tereza Cristina e o secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, atacam a inflação, o aumento da criminalidade e o crescimento de gastos públicos — pontos vulneráveis na imagem do governo Lula junto ao eleitorado, segundo pesquisas recentes.

União Progressista e federações contra o Planalto

A aliança formal entre o PP e o União Brasil — a chamada União Progressista — prepara o terreno para impor, já a partir de julho, o desligamento institucional de seus filiados do governo. Ambos os partidos, embora ainda ocupem ministérios e posições estratégicas, já atuam de forma independente no Congresso, votando contra medidas-chave do governo Lula.

O Republicanos, por sua vez, também ensaia o afastamento definitivo. Com o presidente da Câmara, Hugo Motta, como uma de suas principais lideranças, o partido tem criticado abertamente a gestão petista, tanto em áreas como os Correios quanto nas finanças públicas. O presidente da legenda, deputado Marcos Pereira, é hoje uma das principais pontes da oposição com a base evangélica e empresarial.

Estratégia de Lula: dividir para conquistar

Ciente da debandada iminente, Lula aposta na fragmentação interna das siglas como tática de sobrevivência. Em Minas Gerais, por exemplo, o petista tem apoio de três importantes figuras do PSD: os ministros Carlos Fávaro e Alexandre Silveira, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que foi chamado por Lula de “futuro governador” durante agenda no estado.

No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PSD) já fechou apoio a Lula, enquanto na Bahia, o partido é aliado tradicional do PT e não dá sinais de ruptura. Até no União Brasil, há dissidências: o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, mantém três ministérios no governo e pode atuar como ponte com setores mais moderados da legenda.

O desafio do discurso

Um dos principais entraves de Lula para consolidar sua base está na disparidade entre seu discurso econômico e o tom das legendas de centro. Partidos que compõem o centrão vêm se afastando do petismo por críticas à elevação de gastos públicos, ao apetite por impostos e à dificuldade do governo em conter a inflação e reduzir a insegurança. Essas pautas — sensíveis ao eleitorado — têm sido exploradas com ênfase por políticos que buscam se apresentar como alternativa viável à polarização entre Lula e Bolsonaro.

Em 2022, Lula conquistou a vitória com o apoio da esquerda e de partidos nanicos no primeiro turno. No segundo, recebeu adesão estratégica do MDB e de nomes moderados. Em 2026, o desafio será manter esse equilíbrio — ou lidar com um cenário onde os aliados do presente se tornem os adversários do futuro.

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