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Partidos buscam mulheres para compor chapas presidenciais

segunda-feira 17 de setembro de 2018 às 12:03h

A eleição de 2018 trouxe uma singularidade ao cenário político com a presença feminina nas campanhas majoritárias. Praticamente todos os partidos com pretensões reais de ocupar o Palácio do Planalto em 2019 saíram em busca de mulheres para comporem suas candidaturas presidenciais, algo pouco provável se fosse considerar apenas o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República pelo Congresso Nacional, há dois anos. Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Guilherme Boulos (PSol) têm mulheres como postulantes a vice-presidentes.

Jair Bolsonaro (PSL) só não tem uma mulher como vice porque a advogada Janaína Paschoal – uma das autoras do pedido de impeachment da petista Dilma Rosseff – recusou o convite para assumir esse papel. O MDB de Henrique Meirelles também tentou atrair, sem sucesso, a senadora Marta Suplicy. Além disso, a corrida eleitoral conta com Marina Silva, que está em sua terceira disputa pela Presidência da República, e a presidenciável do PSTU, Vera Lúcia.

A mesma tendência é seguida pelos partidos em relação aos governos estaduais, que apresentaram aproximadamente 15 candidaturas femininas e 74 a vice-governadoras. Esses dados podem sofrer mudanças com decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre registro de candidaturas.

Diante da interrupção do mandato da Dilma, mesmo sem crime de responsabilidade, era de se esperar que os partidos se afastassem das candidaturas de mulheres pelo menos na eleição seguinte ao pleito que conduziu a ex-presidente ao Planalto, mas está acontecendo exatamente o inverso. Parece que enfim, 85 anos depois de a educadora, médica e escritora Carlota Pereira de Queiroz ser deputada federal por São Paulo na Assembleia Constituinte de 1934 a 1936, começa-se a perceber a necessidade de maior participação feminina na política.

Desde então as mulheres procuraram ocupar espaços políticos, mesmo com limitado sucesso devido, em grande parte, à cultura machista brasileira e à dupla jornada de trabalho com os cuidados de casa. Ainda hoje não é raro encontrar expressões como “lugar de mulher é na cozinha”, que mostram a naturalização do machismo no Brasil.

Os horizontes começaram a se ampliar com a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, que levou mulheres a ocuparem cadeiras de ministras na Esplanada dos Ministérios. Alargou-se ainda mais com a eleição e reeleição de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto, que carregou oito ministras com ela.

Contudo, a chegada da primeira mulher à Presidência da República não foi acompanhada pela eleição de mais mulheres para o Parlamento. Elas representam pouco mais de 11% das forças políticas no Congresso Nacional enquanto no eleitorado são mais de 52%”
Então, as mulheres sequer votam em candidatas? Não confiam nelas próprias como políticas? Há algo estranho nessa divisão de tarefas ou pelo menos na compreensão dessa divisão. Institutos de pesquisas tentaram identificar os motivos da baixa representatividade feminina no Congresso. Entre eles está a dificuldade de a mulher deixar a casa, o cuidado com os filhos e idosos, para se dedicar à política.

Os partidos também não abriam espaços às mulheres. Situação que começou a mudar com a escolha de Gleisi Hoffmann para comandar o PT, maior sigla do campo progressista do Brasil e também o responsável pela eleição de Dilma. O partido criou ainda um aplicativo que mostra ao eleitor as mulheres que estão disputando a eleição: acesse aqui.

O PSol também amplia os espaços para mulheres. Tem até um partido da mulher, o PMB, situado mais ao espectro conservador da política brasileira e que não é reconhecido por elas, embora também seja presidido por uma mulher.

Para estimular a eleição do sexo feminino, o Brasil tem a Lei nº 9.504 que assegura cota de 30% para elas desde 1997, mas isso não foi suficiente para aumentar os percentuais. Então, a partir de 2012, essa exigência passou a ser obrigatória. Os partidos, no entanto, reclamam da dificuldade de se atingir essa cota.

E qual a importância da presença feminina no Congresso Nacional, nas assembleias legislativas e nas câmaras municipais? Elas podem representar mais conquistas nas áreas de direitos humanos, na educação, na saúde, na oferta de creches, por exemplo. Se houvesse mais equilíbrio entre o feminino e o masculino no Parlamento será que seria aprovado o trabalho de grávidas em locais insalubres na reforma trabalhista?

Esperemos que os novos ventos soprem forte por mais mulheres na política, ainda que as candidaturas registradas tenham atingido apenas os 30% exigidos pela legislação.

 

Por Roseli Garcia

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