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segunda-feira 11 de abril de 2022 às 07:42h

Partido apostam nos “puxadores” de votos

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Com o objetivo de ampliar as bancadas na Câmara dos Deputados e, consequentemente, o acesso aos fundos partidário e eleitoral, ou para superar a cláusula de barreira, partidos costumam conforme a coluna de Marcelo Montanini, no Metrópoles, apostar em candidatos “puxadores de votos” – aqueles de quem se esperam votação expressiva, e, com isso, ajudem a eleger outros nomes com menos potencial.

Neste pleito, há novidades em nomes que se destacam para assumir esse papel. São os casos do senador José Serra (PSDB-SP), do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), da ex-ministra Marina Silva (Rede-SP), do ex-governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT-MG) e do coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos (PSol-SP).

Há também celebridades ou figuras conhecidas, mas que se apresentam pela primeira vez na disputa de mandatos, como o jogador de vôlei Maurício Souza (PL-MG), o ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos-PR), o jornalista Marcos Uchôa (PSB-RJ) e os cantores Netinho (PL-BA) e Belo (PL-RJ), além de Jacira Santana (PT-PE), mãe do ex-BBB Gil do Vigor.

O vereador do Rio e vice-presidente do Flamengo Marcos Braz (PL-RJ) também é uma aposta para entrar nessa lista.

O ex-juiz Sergio Moro (União-SP), que ainda não desistiu da pré-candidatura à Presidência da República, embora o União Brasil já tenha avisado que não lhe dará legenda para a disputa, é outro nome com potencial para ser um dos mais votados do pleito. A sigla quer que ele concorra a deputado federal em SP, mas o ex-ministro de Jair Bolsonaro resiste e diz que não se candidatará à Câmara. Uma opção ao nome dele é o da esposa, Rosângela Moro (também do União-SP).

Pedro Campos (PSB-PE), neto do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes (1916-2005), filho do ex-governador Eduardo Campos (1965-2014) e irmão do atual prefeito do Recife, João Campos (PSB), é a aposta do PSB em Pernambuco para ser o puxador de votos. A ideia do partido é de que ele reedite as votações expressivas do pai e do irmão, que foram eleitos deputados federais como os mais votados do estado nas eleições de 1994 e 2018, respectivamente.

Ainda é cedo para medir o real potencial desses candidatos, mas eles são considerados apostas certas dos partidos para ampliar as bancadas.

O PL, que atual abriga o presidente Jair Bolsonaro, foi uma das legendas segundo o portal Metrópoles, que explorou essa estratégia de usar um candidato para “puxar” outros. “[Observamos] pessoas com potencial eleitoral e buscamos trazer para o partido. Até por causa de Bolsonaro temos vários puxadores de votos pelo Brasil todo, o que nos dá uma confiança”, diz o vice-presidente do PL, deputado Capitão Augusto (SP).

O PT, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está neste momento debruçado sobre a questão nacional e os palanques majoritários, com candidatos aos governos estaduais e ao Senado, e sustenta que apenas mais tarde avançará nos assuntos da eleição proporcional. “Isso [candidaturas estaduais e puxadores de voto] ainda está em discussão. Estamos discutindo a articulação nacional, depois vamos avaliar a proporcional”, informa o senador Humberto Costa (PT-PE), integrante do grupo de trabalho eleitoral petista.

Cláusula de barreira

Para além de ampliar a bancada de olho nos recursos, a estratégia é também relevante para superar a cláusula de barreira e, consequentemente, manter o partido com representação no Congresso Nacional.

O PSol conseguiu superar a cláusula na eleição de 2018, mas perdeu alguns deputados. Para as eleições de 2022, fechou federação com a Rede Sustentabilidade, que estava ameaçada pela mesma cláusula de desempenho.

Boulos, que havia colocado o nome para a disputa ao governo de São Paulo, retirou a candidatura e se lançou a deputado federal, justamente aceitando a estratégia de ampliação de bancada. Ainda não está definida como será a atuação dele nas eleições, mas o partido avalia até a possibilidade de que ele circule por alguns estados estratégicos com a ideia de alavancar outras candidaturas.

“Certamente, ele vai ser elemento decisivo para superarmos a cláusula de barreira e ampliarmos a bancada federal de São Paulo, que é o nosso principal objetivo”, avalia o presidente nacional do PSol, Juliano Medeiros.

Outra personalidade já conhecida que faz parte dessa estratégia é Marina Silva. A ex-ministra já foi candidata à Presidência da República por três vezes – em 2010, 2014 e 2018 –, e a princípio não disputaria a eleição deste ano, mas o partido tem pressionado por essa possibilidade.

“Existe uma discussão que vem sendo feita na Rede e fora também, por pessoas e lideranças políticas, de que em função de tudo o que está acontecendo no Brasil eu deveria voltar para o Congresso. Estou fazendo uma reflexão, que não é fácil, [porque] eu não tinha no meu horizonte retornar ao Congresso Nacional, mas estou refletindo com muito senso de responsabilidade. O meu desejo é de continuar contribuindo na política institucional ou ainda sem mandato”, disse Marina Silva ao Metrópoles.

“Efeito Enéas”

Embalado por três candidaturas presidenciais – em 1989, 1994 e 1998 –, o médico Enéas Carneiro (Prona-SP) se elegeu deputado federal em 2002, com 1,5 milhão de votos, e é um dos exemplos mais claros desse fenômeno do “puxador de voto”. Com a imensa votação, ajudou a eleger outros cinco candidatos que tiveram baixo desempenho nas urnas.

Em 2010, foi a vez do humorista Tiririca (PL-SP), que, ao ser eleito deputado federal, com 1,3 milhão de votos, “puxou” três candidatos. A campanha foi baseada em brincadeiras – “Pior que está não fica” – e o apoio recebido nas urnas foi interpretado como “voto de protesto”.

Esses episódios levaram a modificações na lei para diminuir o efeito dos “puxadores de voto”. Mesmo assim, ainda há efeitos claros de votações gigantescas.

Antes, as vagas eram distribuídas apenas de acordo com a votação recebida por partido (somando votos individuais e de legenda), independentemente de quantos votos um candidato recebesse individualmente.

De 2015 até a última eleição, as vagas eram distribuídas aos partidos que atingiam o quociente eleitoral – que é a soma de todos os votos válidos para o cargo na unidade federativa, dividido pelo número de cadeiras para cada UF – e que tinham candidatos com votação igual ou superior a 10% desse quociente.

Contudo, agora, só participam da distribuição final dessas “sobras” os partidos que alcançarem 80% do quociente eleitoral e que tenham candidatos com votação nominal igual ou superior a 20% do quociente.

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