Além do ministro Alexandre de Moraes, outro integrante do Supremo Tribunal Federal (STF) entrou na mira da direita bolsonarista: Flávio Dino. O grupo liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e por parlamentares do PL está mobilizando articulações para viabilizar um pedido de impeachment do ex-ministro da Justiça, atualmente integrante da mais alta Corte do país.
O estopim para o movimento contra Dino é sua postura crítica em relação à execução das emendas parlamentares. O ministro tem sido uma das vozes mais incisivas no STF ao cobrar do Congresso mais transparência na distribuição e aplicação dos recursos destinados por parlamentares — especialmente no que se refere às chamadas “emendas de comissão paralelas”.
Na primeira semana de junho, Flávio Dino irritou líderes do Congresso ao solicitar informações formais sobre a destinação dessas emendas, incluindo repasses do Ministério da Saúde. Para parlamentares do Centrão e da base bolsonarista, essa iniciativa representa uma afronta à autonomia do Legislativo na gestão das emendas.
Nesta semana, o ministro conduz uma audiência pública no Supremo sobre a impositividade e a transparência na execução das emendas — tema que reforça a insatisfação de setores do Parlamento com sua atuação.
Embora o foco principal de Bolsonaro continue sendo Alexandre de Moraes — relator de diversos inquéritos que envolvem o ex-presidente —, o grupo político do PL vê em Dino um novo alvo estratégico. A ofensiva faz parte de um plano de longo prazo que visa conquistar maioria no Senado nas eleições de 2026. Isso porque cabe à Casa Alta do Congresso deliberar sobre eventuais processos de impeachment de ministros do STF.
A movimentação expõe o ambiente de tensão crescente entre o Supremo e o Congresso, em especial com setores mais à direita do espectro político, que acusam ministros da Corte de extrapolar suas funções constitucionais.