Apesar dos esforços do presidente Lula da Silva para reforçar a imagem de seu governo, uma nova pesquisa divulgada nesta semana revela um desafio expressivo para o Planalto: sete em cada dez brasileiros acreditam que o presidente não tem conseguido cumprir as promessas feitas durante a campanha eleitoral de 2022. Além disso, 45% dos entrevistados avaliam que o governo Lula 3 está “pior do que esperavam”.
O levantamento foi realizado pela Quaest Consultoria, a pedido da Genial Investimentos, e ouviu presencialmente 2.004 pessoas com 16 anos ou mais, em todo o país, entre os dias 29 de maio e 1° de junho. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, e o índice de confiança é de 95%.
Diante dos números desfavoráveis, o presidente tem cobrado de sua equipe ministerial uma atuação mais contundente na defesa dos feitos do governo. Ministros passaram a aceitar mais convites para eventos, jantares e encontros com representantes da sociedade civil, em uma tentativa de melhorar a interlocução com a população e com formadores de opinião. Internamente, Lula tem pressionado por agilidade na formulação e no lançamento de novos programas sociais, previstos para os próximos meses.
Sinais mistos no cenário econômico
Apesar da percepção negativa sobre o cumprimento de promessas e a condução geral do governo, a pesquisa traz dados que sugerem uma leve melhora na avaliação econômica do país. Caiu de 56% para 48% a proporção de brasileiros que consideram que a economia se deteriorou. Ainda que o número siga alto, a redução é vista no Planalto como um sinal de que há espaço para recuperação de imagem, sobretudo se os indicadores macroeconômicos mantiverem tendência de estabilização.
Reclamações sobre o aumento dos preços — especialmente dos alimentos — continuam predominando, com 79% dos entrevistados relatando insatisfação. No entanto, essa taxa também é menor do que a registrada em levantamentos anteriores. Queixas sobre o custo dos combustíveis e das tarifas de serviços como água e luz também continuam comuns, mas em patamares ligeiramente mais baixos.
Eleições de 2026 no horizonte
Os índices de aprovação do governo terão peso central nas articulações para as eleições presidenciais de 2026, quando Lula é apontado como provável candidato à reeleição. A avaliação do desempenho do governo influencia diretamente as negociações para alianças partidárias, sobretudo com o chamado “centrão”, além de impactar o humor do eleitorado diante da possibilidade de continuidade da atual gestão.
Uma nova pesquisa da Quaest sobre a corrida eleitoral de 2026 deve ser divulgada nesta quinta-feira, com dados atualizados sobre intenção de voto e possíveis adversários do atual presidente.
Enquanto isso, no Planalto, a estratégia é clara: reagir à onda de críticas com mais presença pública dos ministros, maior exposição de realizações do governo e a promessa de novas medidas de impacto social. A equipe de Lula aposta que o tempo — e o retorno de programas emblemáticos — pode virar a maré antes que o cenário se consolide em definitivo.