terça-feira 17 de junho de 2025
A reunião contou com a presença de representantes dos 11 países que compõem o Brics: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia, Irã e Indonésia - Foto: Júlio César Silva/MDIC
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quarta-feira 21 de maio de 2025 às 18:56h

Países do Brics assinam acordo de livre comércio em meio à guerra tarifária

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Documento foi divulgado após reunião de ministros do comércio dos 11 países do grupo, no Palácio do Itamaraty

Em um gesto simbólico diante do aumento das tensões comerciais no cenário internacional, os países-membros do BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e os novos integrantes Arábia Saudita, Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos — assinaram nesta quarta-feira (21) uma declaração conjunta em defesa do livre comércio e do multilateralismo econômico.

A assinatura ocorreu durante a Reunião Extraordinária de Ministros da Economia e Comércio do BRICS, realizada na África do Sul, e ocorre em um momento em que a guerra tarifária entre Estados Unidos, União Europeia e China ameaça desacelerar o comércio global e ampliar barreiras protecionistas.

“Reafirmamos nosso compromisso com um sistema de comércio internacional aberto, transparente, inclusivo, baseado em regras e centrado na Organização Mundial do Comércio (OMC)”, diz o documento final, que também critica medidas unilaterais que distorcem o fluxo de mercadorias.

Resposta indireta aos EUA e à UE

Embora não cite nomes diretamente, a declaração é interpretada como um recado aos Estados Unidos e à União Europeia, que nas últimas semanas adotaram novas tarifas sobre veículos elétricos, semicondutores e produtos agrícolas chineses, em resposta a acusações de subsídios indevidos e dumping.

A China, que liderou as negociações dentro do bloco, defendeu que a escalada tarifária ameaça a recuperação econômica global e prejudica países em desenvolvimento que dependem do comércio internacional.

“O mundo precisa de pontes, não de muros. O protecionismo afeta cadeias produtivas e a segurança alimentar global”, afirmou o ministro chinês do Comércio, Wang Wentao.

Brasil reforça papel moderador

O Brasil teve papel de destaque como articulador da linguagem diplomática do documento. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que a posição brasileira é de defesa de regras claras e previsibilidade para as trocas comerciais.

“Não se trata de favorecer ou isolar blocos, mas de reafirmar o valor da cooperação e do diálogo como antídotos para crises geoeconômicas”, afirmou Haddad durante coletiva à imprensa.

O Brasil também pleiteou que o BRICS avance em iniciativas práticas de facilitação de comércio, como a digitalização aduaneira, a desburocratização de exportações e o uso de moedas locais em transações bilaterais.

Impacto simbólico, mas limitado

Especialistas avaliam que a declaração tem peso político e simbólico, mas efeitos práticos ainda limitados, dado que os conflitos tarifários envolvem potências fora do bloco e interesses estratégicos complexos.

“O BRICS busca se posicionar como contraponto ao G7, mas ainda enfrenta desafios internos de coesão e divergência de modelos econômicos. Ainda assim, é uma sinalização relevante em defesa do multilateralismo”, analisa a economista Ana Luiza Costa, do Instituto de Relações Internacionais da USP.

Guerra comercial em expansão

Nas últimas semanas, os EUA elevaram tarifas sobre produtos chineses estratégicos, e a União Europeia ameaça adotar medidas semelhantes. Pequim reagiu com sobretaxas a automóveis e produtos agrícolas europeus e americanos. O risco de fragmentação do comércio global preocupa organismos internacionais, como o FMI e a OMC, que alertam para os impactos sobre inflação, desemprego e crescimento mundial.

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